11/06/2011

Energias do ovário e do útero





"Embora haja diferenças distintas entre a energia dos ovários e a do útero, muitas mulheres têm problemas com ambas, simultaneamente. Por exemplo, muitas mulheres cujos ovários são afectados por endometriose também apresentam fibromiomas no útero. Portanto, é de toda a utilidade discutir, na sua generalidade, a natureza global dos padrões de energia emocionais e psicológicos, tendentes a gerar saúde e doenças nos órgãos pélvicos.

Os órgãos pélvicos internos (ovários, trompas e útero) estão relacionados com aspectos do segundo chakra. A sua energia depende de um instinto feminino capaz, competente ou potente para gerar abundância e estabilidade emocional e financeira, e para expressar a criatividade na sua plenitude. A mulher deve ser capaz de se sentir bem consigo mesma e com as suas relações com os outros no decorrer da sua vida. Por outro lado, as relações que ela acha cansativas e limitadoras podem afectar adversamente os seus órgãos pélvicos internos. Assim, se uma mulher permanece numa relação não saudável porque pensa não poder bastar-se a si mesma, económica e emocionalmente, os seus órgãos internos podem correr um sério risco de contraírem doença.

A doença só surge quando uma mulher se sente frustrada nas suas tentativas de efectuar mudanças que ela precisa fazer na sua vida. A probabilidade e gravidade da doença dependem do quão eficientemente funcionam as diversas áreas da sua vida. Um casamento e uma vida familiar que a apoiem, por exemplo, podem compensar parcialmente um trabalho cansativo. Um padrão psicológico clássico associado a problemas físicos na pelve é o de uma mulher que quer libertar-se de comportamentos limitativos nas suas relações (com o marido ou no trabalho, por exemplo) mas não consegue confrontar-se com os seus medos relativamente à independência que essas alterações lhe trariam. Embora ela possa aperceber-se de que outros estão a limitar a sua capacidade de se libertar, na realidade, o seu maior conflito desencadeia-se dentro de si mesma em torno dos seus próprios medos.

Um outro aspecto que afecta os órgãos pélvicos é a competição entre as várias necessidades. Quando as suas necessidades mais íntimas de companheirismo e apoio emocional entram em competição com as suas outras necessidades exteriores, autonomia e aprovação familiar, esta situação pode interferir com os órgãos pélvicos, os ovários e o útero. A nossa cultura ensina-nos que não podemos estar ao mesmo tempo emocionalmente preenchidas e ser bem sucedidas financeiramente e que as nossas necessidades relativamente a ambos os aspectos são mutuamente exclusivas; que, como mulheres, não podemos ter tudo. As mulheres não são geralmente ensinadas a ser competentes nas áreas financeira e económica porque o sistema patriarcal assenta na própria dependência feminina. Uma vez que ter dinheiro e estatuto nos protege e nos faz sentir seguras, foi-nos ensinado que, para adquirir segurança temos que casar, e aos homens que devem providenciar para que não falte dinheiro nem estatuto às suas esposas. O sucesso, no sistema aditivo, permite-nos controlar os outros. Estas crenças e o comportamento determinante que geram são a base para o aparecimento dos problemas pélvicos.

O útero está energeticamente relacionado com o mais íntimo sentido de independência de uma mulher e com o seu mundo interior. Simboliza os seus sonhos e as personagens que gostaria de gerar. O seu estado de saúde reflecte a sua realidade emocional e a sua crença em si mesma ao nível mais profundo. A saúde do útero está em risco se uma mulher não acreditar em si mesma, ou se for excessivamente autocrítica.

A energia uterina é mais lenta que a energia ovárica. O tempo de gestação biológica do feto é de nove meses lunares, enquanto que o tempo de gestação de um ovo é de apenas um mês lunar. Pensa-se no útero como sendo a terra, quer simbolicamente, quer biologicamente, na qual as sementes produtivas dos ovários crescem a seu tempo.

A energia ovárica é mais dinâmica e de alteração mais rápida que a do útero. Nos ano

s reprodutivos, os ovários saudáveis libertam mensalmente novas sementes de uma forma dinâmica. Quando esta energia ovárica dinâmica precisa da nossa atenção, os ovários são capazes de mudar muito rapidamente. Um quisto ovárico pode desenvolver-se numa questão de dias, sob determinadas circunstâncias.

A saúde ovárica está directamente relacionada com as relações da mulher com as pessoas e coisas exteriores a si mesma. Os ovários estão em risco quando as mulheres se sentem controladas ou criticadas pelos outros, ou quando elas, por seu turno, criticam e controlam os outros. "


Fonte: Corpo de Mulher, Sabedoria de Mulher de Christiane Northrup

DEMÉTER A Deusa mãe da agricultura...

Demeter e os seus festivais são muito antigos. A Deusa mãe da agricultura era também a padroeira das mulheres e os seus festivais exclusivos para mulheres, que celebram o poder feminino mesmo em estados como Atenas, como as Tesmofórias, são muito antigos. Ela ascende provavelmente à idade do bronze e é possível que existisse uma Deméter na idade da pedra, visto que ela é venerada nos círculos de pedra não talhada que desta idade vêm.

Demeter significa simplesmente "A Mãe". Não somente a Mãe Terra, mas A Mãe. Ela é o cereal de ela é a aveia e a ela se reza na colheita e também na sementeira. A sua coroa é de espigas, o seu bastão um conjunto de espigas e nas mãos segura espigas. Mas ela é também a Mãe de todas as crianças e a Deusa responsável por cuidar destas e pelas pessoas que o fazem.

Os seus santuários localizam-se sobretudo por fora e até longe da cidade, mas o seu culto citadino é bastante forte e a Deusa não é apenas venerada pelos agricultores no campo.

Isto deriva em parte por Demeter estar também relacionada com o Hades através da sua filha Perséfone. Um dia, quando a rapariga, nessa altura chamada Kore, brincava nos campos floridos, um grande buraco no chão abriu-se e daí saiu Hades que a raptou.

Kore lançou um grito agonizada, grito esse que foi ouvido por três Deuses: Hélios, Hécate e, claro, a própria mãe, Deméter. Angustiada a Deusa procurou pela sua filha, que não encontrou. Até que com a própria Hécate foi a Hélios que lhe contou o que tinha acontecido.

Ela exigiu a Zeus que este mandasse Hades libertar Kore, mas este lembrou-lhe que Hades era seu irmão e que não podia exigir nada referente ao seu reino particular. Furiosa e triste Deméter fez lembrar a todos os Deuses que também ela é uma filha de Cronos e Reia: a terra deixou de produzir qualquer tipo de planta e os animais e os homens começaram a definhar, ao mesmo tempo que os sacrifícios aos Deuses pararam por completo.

Duranto este tempo a Deusa caminhou pela terra disfarçada de uma idosa, até que chegou a Elêusis, onde finalmente a fizeram rir. Aí ela cuidou do filho dos reis e ia torná-lo imortal, não fosse a mãe se afligir quando a viu mergulhar o pequeno no fogo. Então Deméter concedeu duas grandes dádivas: ensinou a agricultura e instaurou os mistérios de Elêusis.

Estes eram os Mistérios mais famosos da antiguidade e os de maior duração. Pouco ou nada se sabe sobre estes, uma vez que os participantes, que podiam ser de qualquer nacionalidade desde que falassem grego (para poderem perceber o que se dizia), estavam sob sigilo e este muito poucas vezes foi quebrado. Sabe-se que estes mistérios envolviam também Perséfone, Hades, Iaso e Dionisso, e pensa-se que estivessem relacionados com uma promessa de vida depois da morte, sendo referido que servem para nos livrar de uma culpa ancestral.

Voltando ao mito, Zeus depressa se apercebeu que sem Demeter todo o mundo colapsaria. Então enviou sucessivos mensageiros para tentar convencer a Deusa a voltar às suas actividades, mas esta recusava sempre. Até que o Senhor do Olimpo enviou Hermes que trouxe Kore de volta, em Elêusis.

O reencontro foi enternecedor, mas durou pouco. Rapidamente Hades emergiu e declarou que Kore teria que voltar para o submundo, pois tinha aí comido o grão de uma romã e quem quer que comesse algo no submundo aí tinha que permanecer para a eternidade segundo uma antiga lei. Demeter ficou furiosa e lembrou a Zeus dos seus poderes, enquanto que Hades o relembrou do juramento das antigas leis.

Por fim Zeus decretou que Perséfone passaria metade do ano com a mãe, a Primavera e o Verão, quando as flores e os cereais crescem, e a outra metade com Hades, o Outono e o Inverno. Desde então que Kore se chama Perséfone, a terrível Rainha do Hades.

O culto de Deméter era, contudo, predominantemente rural. Sacrifícios comuns eram os leitões, animais pecuários simbólicos, e as ofertas os cereais. Ele estava frequentemente enterlaçado com o de Perséfone (chamando-se as duas por vezes de Demeteres) que já foi interpretada como o cereal que nos meses do Inverno está debaixo da terra (no Hades) para depois se erguer em todo o seu esplendor. Por outro lado o seu culto embrenha-se como o de Hades por oposição: este dá a morte, Deméter a esperança.


Significado Moderno: Deméter ensinou-nos a agricultura e hoje praticamente toda a nossa alimentação depende desta actividade, pelo que mais do que nunca ela é a Deusa da alimentação e da substicência humana e animal. No entanto hoje a maioria de nós vive afastado do campo e não se sente próximo dos ciclos agrícolas desta Deusa, mas devemos lembrar-nos dela sempre que comemos. Para além disso ela é a Deusa da prosperidade em geral, o que inclui a prosperidade monetária, tão apreciada hoje em dia. Hoje em dia é vista menos como padroeira que as mulheres, mas esta papel na realidade pertence-lhe também. E, claro, é a protectora das crianças.


Fonte: http://rosaleonor.blogspot.com/

A medicina da mulher-aranha...o arquétipo da tecelã

Como a Aranha deu a teia de sonhos para os seres humanos

"Existem muitas histórias relacionadas com aranhas e Mulheres-Aranhas entre as várias nações de índios americanos. Em muitas destas tradições, por exemplo, a Mulher-Aranha é um personagem fundamental e sábio, ora mensageira do Sol, ora avó do próprio Sol e organizadora da vida na Terra. Existem várias lendas relacionadas com os dream catchers. Esta que escolhemos é apenas uma das versões:

Uma aranha fiava sua teia próximo à cama da avó (Nokomi). Todos os dias ela observava a aranha trabalhar. Alguns dias depois, o neto entrou e, ao ver a aranha na teia, pegou uma pedra para matá-la. Mas a avó não deixou. O garoto achou estranho, mas respeitou o seu desejo. A velha mulher voltou-se para observar mais uma vez o trabalho do animal e, então, a aranha falou: Obrigada por salvar minha vida. Vou dar-lhe um presente por isso. Na próxima Lua nova vou fiar uma teia na sua janela. Quero que você observe com atenção e aprenda como tecer os fios. Porque esta teia vai servir para capturar todos os maus sonhos e as energias ruins. O pequeno furo no centro vai deixar passar os bons sonhos e fazê-los chegarem até você.

Quando a Lua chegou, a avó viu a aranha tecer sua teia mágica e, agradecida, não cabia em si de felicidade pelo maravilhoso presente: Aprenda, dizia a aranha. Finalmente, exausta, a avó dormiu. Quando os primeiros raios de sol surgiram no céu, ela acordou e viu a teia brilhando como jóia graças às gotas de orvalho capturadas nos fios. A brisa trouxe penas de pomba que também ficaram presas na teia, dançando alegremente e, por último, um corvo pousou na teia e deixou uma longa pena pendurada. Por entre as malhas da teia, o Pai Sol sorria alegremente. E a avó, feliz, ensinou todos da tribo a fazerem os filtros de sonhos. E até hoje eles vêm afastando os pesadelos de muita gente."


Deusa do Amor e da Magia

Deusa do Amor e da Magia



Na mitologia celta em contrapartida as outras culturas, não definia apenas uma Deusa para representar o Amor, outra a Beleza ou a Magia. Esses atributos são caracteristicas implícitas praticamente em todas as Deusas do panteão celta. Temos Briga que é representada nas histórias como uma mulher de radiante luz e beleza, além de ser ferreira produzindo armas mágicas e poetiza que com seus versos tocava o coração de qualquer ouvinte. Cerridwen, senhora do calderão sagrado que ferve noite e dia para obter a sabedoria ao seu filho Morfran já que esse não possui beleza. Blodeuwedd deusa de extrema beleza, da sedução e da magia.

De todas as Deusas presentes na mitologia a mais fascinante em reunir todos esses atributos acredito que seja Morrigan. Ela é a Deusa da Morte, da Vida, da Senzualidade, do Amor, da Guerra e da Magia. Nas lendas era invocada quandos os soldados celtas entravam em batalha e a própria Morrigan vinha buscar aos tivessem feito atos de extrema bravura. Para os celtas a morte não era o fim, mas o começo de um Outro Mundo, início de um novo ciclo.


Morrigan e Dagda

Na primeira batalha de Moytura, Morrigan tem sua aparição sitada como “As filhas de Emmas” - Morrígan, Badb e Macha, atacando os Fir Bolg com banhos de magia e nuvens tempestuosas e névoa, e poderosas chuvas de fogo e um jato de sangue derramado do ar sobre as cabeças dos guerreiros inimigos. Uma descrição perfeeita do se pode esperar de deusas da guerra em ação. Ao assistir a fúria com que a guerra era travada, o bardo dos Fir Bolgs diz que Badb, que significa “corvo”, ficará grata pelos corpos perfurados deixados no campo de batalha.
Na véspera da Segunda Batalha de Moytura, Dagda encontra Morrigan no vau do rio Unshin, lavando as armas ensanguentadas e os cadáveres dos que viviam a tombar no dia seguinte.

A Deusa então dá a Dagda informações sobre o combate, revelando seus dons proféticos. Igualmente, dá provas de coragem e poder quando afirma que ela mesma arrancará o coração do seu inimigo. Em pagamento, Dagda sacia seu apetite sexual, unindo-se a ela ali mesmo, em meio aos cadáveres que morrerão, enfatizando a íntima ligação entre a vida e a morte.
A união entre uma deusa "sombria" com Dagda, deus que traz vida e fartura, é a perfeita imagem do equílibrio - especialmente por ocorrer no entremeio de água e terra (o vau), dia e noite (crepúsculo), ano velho e novo (Samhain). Nesse momento, Morríghan representa a Soberania da terra, e Dagda o legítimo líder que a desposa. Dessa união surge a vitória dos Tuatha Dé Danann.

08/06/2011

Cátaros e albigenses - Testemunhas na hora mais obscura da fé & A Cruz de Toulouse

Cátaros e albigenses - Testemunhas na hora mais obscura da fé & A Cruz de Toulouse – Erroneamente chamada de Cruz Cátara

AMENO, escrita por Eric Levi, e lindamente cantada pelo grupo ERA, fala de um grito de dor em uma guerra e a agonia de uma alma pedindo para ser libertada pelo soldado entrincheirado. Esta é apenas uma simples tradução para o português, pois este dialeto é uma mistura do Latim e de uma língua antiga, pagã, usada em reuniões secretas de uma tribo do Cathar.


Era - Ameno (tradução)

Fala de um grito de dor em uma guerra e a agonia de uma alma


Ameno
Revela-me
Era


Dori me
Interimo adapare
Dori me
Ameno, ameno
Latire
Latiremo
Dori me

Ameno
Omenare imperavi
Ameno
Dimere, dimere
Matiro
Matiremo
Ameno

Omenare, imperavi, emulari
Ameno
Omenare, imperavi emulari

Ameno dom
Dori me reo
Ameno dori-me
Ameno dori-me
Dori me am

Ameno

Ameno...


Tradução

Tira-me.
Revela-me.
Revela-me.
Tira-me.
Tira-me agora, soldado.
Revela-me.
Revela-me.
Revela,
imperceptíveis sinais,
revela!


Tira-me daqui.
Absorve-me.
Toma-me.
Descubra-me
e oculta-me.
Descubra em mim
imperceptíveis sinais.

Descubra-me.
Diga-me se a Guerra se parece
com o espírito de um mártir.
Revela pequenos
sinais de imolação,
Imperceptíveis,
sinais de imolação.

Abra.
Abra o silêncio.
Revela-me.
Leva-me.
Revela-me.
Leva-me.
Revela-me, soldado.
Leva-me daqui.




Livro - Hereges de Deus: A Cruzada dos Cátaros e Albigenses,
Autor AUBREY BURL

catarosCátaros: Extermínio dos puros
Eles afirmavam que Jesus não era filho de Deus e defendiam a igualdade entre mulheres e homens.Cátaros, cristãos que foram vítimas de uma cruzada e alvo da Inquisição

Hereges de Deus - A Cruzada dos Cátaros e Albigenses trata de uma tragédia agonizante que perdurou por séculos em uma das regiões mais agradáveis da França, cuja história medieval é como a elaborada arte do mosaico, colorida e trabalhada de forma atrativa, mas, quando observada fixamente, apresenta-nos a imagem do diabo medieval.


Possivelmente nenhum grupo de crentes tenha sido objeto de tanta especulação como os albigenses ou cátaros. Na atualidade, com o ressurgimento do esoterismo, tem sido escrito numerosos livros e novelas onde pretendem 'resgatar' o verdadeiro legado dos cátaros e os seus ensinos. E, seguindo as várias e duvidosas declarações dos seus perseguidores e inquisidores, os associam em forma extemporânea com os gnósticos do princípio da era cristã (Séculos II e III).

Existem, inclusive, documentos onde os inquisidores atribuem aos cátaros confissões do tipo gnóstico copiadas letra por letra do livro "Contra Heresias", escrito pelo Ireneo de Lyon no final do século II, sem incomodar-se em trocar ou adaptar os seus parágrafos.

Por esta razão, diante da evidente falta de objetividade e a inegável parcialidade dos documentos que sobreviveram aos cátaros, muitos historiadores seculares se abstêm de promulgar qualquer juízo histórico e preferem manter silêncio. Outros, no entanto, especulam sem apoio histórico, e criam as mais fantásticas teorias sobre a sua origem e crenças.

No entanto, quando estudamos em paralelo a história de bogomiles, cátaros e valdenses, descobrimos que, de fato, existia uma fluida e constante comunhão entre estes grupos, o qual não poderia ter ocorrido se alguns deles tivessem sido gnósticos ou maniqueus. Dos valdenses se preservaram numerosos documentos que provam, sem nenhuma dúvida, o caráter evangélico e escritural das suas crenças. E é um fato que, para os inquisidores da sua época, os valdenses, cátaros e albigenses, eram uma mesma coisa. Distintos nomes dados a idênticos irmãos, dependendo do lugar e da ocasião, pois, devemos lembrar que eles recusavam tomar qualquer nome sobre si, com exceção de "cristãos" ou "irmãos". Com certeza, é possível identificar a persistência de algumas heresias gnósticas, disseminadas aqui e lá em algumas seitas medievais, as que, no entanto, não podem ser associadas sem mais nem menos aos cátaros e albigenses. Além disso, devemos lembrar que no período apostólico e pós-apostólico muitas heresias gnósticas se desenvolveram à beira das igrejas de Cristo, tal como o mesmo apóstolo João advertiu em sua Primeira Carta.


A causa da heresia

A presença do engano e o engano nunca estão muito longe de qualquer desenvolvimento verdadeiramente espiritual. Isto não nos deve assombrar. As igrejas de Cristo, ao colocar-se sob a autoridade da Escritura e do Espírito Santo, evitando qualquer uniformidade e organização exterior, dependem exclusivamente do Senhor para o seu êxito e continuidade. Não existe entre elas nenhum credo exterior, rígido e uniforme, vigiado e defendido por alguma instituição humana. Pois sua persistência diante de Deus não pode depender da sua adesão a uma ortodoxia fria e morta, mas sim do contato vivo com a sua Cabeça, que é Cristo. Só esse contato pode livrá-las do engano e da deformação.

As heresias gnósticas surgiram no estreito contato com a fé bíblica, pois formam parte da estratégia de Satanás para confundir e apartar à igreja de Cristo, sua cabeça. De fato, em Colossos já tinham aparecido os primeiros sinais, ainda nos dias do apóstolo Paulo. E o mesmo se pode constatar nas cartas às sete igrejas de Apocalipse. No entanto, a resposta de Paulo e João não foi nem remotamente um chamado à perseguição, a difamação e a tortura dos hereges, como ocorreria mais tarde com a cristandade organizada, mas sim uma exposição mais ampla e aprofundada de Cristo, a Verdade, com claridade e autoridade espiritual. Só isto é suficiente para desbaratar os planos do diabo e salvar os irmãos da confusão e do engano. E, obviamente, nada mais pode ser.

Por isso, ao longo da história dos irmãos esquecidos, encontraremos sempre, lado a lado com a fé bíblica, sempre distinta, algumas crenças heréticas e distorcidas. Este fato, unido à ilimitada ambição da cristandade organizada por ser considerada a única e verdadeira "igreja de Cristo", que a levou a perseguir infatigavelmente os cristãos dissidentes que não reconheciam a sua autoridade 'oficial', deformando e destruindo o registro quase completo de sua passagem pela história, teve êxito em fazer de muitos daqueles valentes irmãos, "hereges", ainda aos olhos de outros sinceros irmãos que vieram depois. Esta é a trágica história daqueles mártires que corajosamente levantaram o estandarte de Cristo na hora mais obscura da fé.

Indagando nas origens

A origem dos cátaros e albigenses permanecem ainda em mistério. O mais provável é que fossem fruto da conjunção de vários fatores. Em primeiro lugar, existiam disseminados pela Europa ocidental pequenos grupos de crentes que se separaram da cristandade organizada no tempo de Constantino, entre os quais os mais conhecidos foram os novacianos, quem também foram conhecidos com o nome de cátaros ou 'puros' (gr. cataroi). Por outro lado, durante o início da Idade Média, a corrupção generalizada de uma grande parte da cristandade levou irmãos sinceros a apartar-se dos seus males e abusos. Entre esses irmãos se destacaram homens de grande zelo espiritual, que denunciaram abertamente os males da cristandade e ganharam um considerável número de seguidores para uma fé mais bíblica e singela, entre os quais se destacam Pedro de Bruys e Henrique de Cluny. Além disso, existiu uma contínua corrente migratória de irmãos que eram perseguidos no oriente (paulicianos e bogomiles), que, ao chegarem ao ocidente entraram em contato com as igrejas dos cátaros, albigenses e valdenses.

Todos estes fatores ajudam a explicar o surgimento de uma poderosa corrente espiritual durante a Alta Idade Média (Séculos X ao XV), conformada por numerosos grupos de crentes que se apartaram decididamente do cristianismo oficial do seu tempo. Foram conhecidos por muitos nomes: cátaros, albigenses, valdenses, petrobrusianos, patarinos, etc. E, embora existisse entre todos eles uma estreita comunhão e inter-relação, o nome de cátaros e albigenses se aplicaram melhor aos grupos de irmãos que floresceram no sul da França e norte da Espanha. O nome valdenses se aplicou em especial àqueles irmãos que se desenvolveram nos vales do norte da Itália e Suíça, e deles queríamos nos ocupar em um artigo posterior.

O nome 'cátaro', aplicado aos irmãos, parece derivar do costume dos seus pregadores itinerantes de venderem todas as suas propriedades e se fazerem assim "perfeitos" para seguir o Senhor e pregar o evangelho, tomando literalmente o conselho do Senhor (Mateus 19:21). Não obstante, este não era um costume generalizado entre os irmãos, pois a maioria deles permaneciam em seus trabalhos, ofícios e famílias. Por outro lado, o termo 'albigense' apareceu logo em meados do século XII, na cidade francesa de Albi, onde um grupo de irmãos foram queimados na fogueira sob a acusação de heresia maniqueista (embora isto não pôde ser provado). A partir de então, acostumaram a associar os irmãos do sul da França com a 'heresia de Albi', e dali o nome, 'albigenses'.

Neste artigo vamos nos enfocar especialmente naqueles irmãos que foram conhecidos como cátaros e albigenses. Entre as pessoas comuns foram chamados normalmente 'os Homens Bons', em reconhecimento ao seu caráter santo e espiritual, que contrastava notavelmente com o clero da cristandade da sua época.


Líderes inspirados

Já mencionamos que entre os fatores que explicam o surgimento destas companhias de irmãos está o ministério de alguns notáveis líderes espirituais, como Pedro de Bruys e Henrique de Cluny.



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O primeiro, Pedro de Bruys, viajou infatigavelmente por mais de vinte anos, percorrendo diversas províncias da França: em Delfinado, Provença, Languedoque e Gasconia. Multidões de pessoas assistiam as suas pregações em que denunciava abertamente o uso de imagens, especialmente da cruz, a veneração a Maria, os sacramentos, e o batismo de meninos, como costumes contrários à Escritura. Para escutá-lo, as pessoas deixavam os serviços religiosos e se reuniam em qualquer ponto onde ele estivesse. Como também não reconhecia a autoridade da Igreja organizada, foi açoitado e finalmente detido em 1116 DC. Foi queimado publicamente na praça de Saint Gilles nesse mesmo ano. Não obstante, os seus seguidores continuaram com a sua obra e com o tempo se uniram ao resto dos irmãos perseguidos.

Henrique de Cluny continuou com a obra de Pedro de Bruys, de quem foi discípulo. Este era monge e diácono do famoso monastério de Cluny. Possuía uma grande capacidade de oratória e um aspecto físico imponente. Mas era, além disso, um homem extraordinariamente devoto e inflamado de zelo espiritual. Suas pregações atraíam milhares de pessoas, e produziam centenas de conversões, entre elas, as de alguns reconhecidos pecadores, que mudavam radicalmente as suas vidas. O avivamento que ele ajudou a acender se estendeu rapidamente por todo o sul até o meridional da França.

Os líderes da igreja organizada se encontravam intimidados e até aterrorizados diante do poder da sua pregação, e não se atreviam a fazer nada contra. Foi tão grande o seu impacto nessas regiões que grande parte dos templos e monastérios ficaram abandonados.



Finalmente, Bernardo de Clarvaux, o homem mais poderoso da Europa, foi chamado para detê-lo. Este era um homem de caráter santo e devoto, cujos hinos em honra a Cristo são lembrados até hoje. No entanto, neste assunto atuou com todo o zelo da cristandade oficial, pois considerava Henrique o pior dos hereges, um demônio saído do próprio inferno. E com respeito aos irmãos, quem se negava a reconhecer a sua identidade com homem algum, inclusive com Henrique de Cluny ou Pedro de Bruys, queixava-se: "Inquiram deles o nome do autor da sua seita e não a atribuirão a ninguém. Que heresia há, que, entre os homens não tenha o seu próprio heresiarca?... Mas, por que sobrenome ou por qual título arrolam eles a estes hereges? Porque a sua heresia não se derivou do homem, nem tampouco a receberam de um homem". Sua conclusão foi que, consequentemente, tinham recebido o seu ensino dos demônios!

Henrique se viu forçado a fugir de Bernardo, e continuou com o seu infatigável trabalho, até que foi finalmente preso e condenado a um destino desconhecido, talvez ser emparedado vivo, ou a pena de morte, em Toulouse. Os irmãos, não obstante, continuaram adiante com o seu valente testemunho e passaram a formar parte daqueles grupos de irmãos perseguidos, conhecidos por seus inimigos como cátaros e albigenses.


A cruzada contra os albigenses

O importante despertar espiritual daqueles anos entre os irmãos, teve o seu epicentro na região conhecida como o Meridional da França, especialmente em Languedoque. Ali multidões de homens e mulheres de toda classe e condição, incluindo nobres e bispos do clero, somaram-se às filas dos irmãos, e as suas congregações cresceram em um número alarmante aos olhos da hierarquia da cristandade. Em 1167 foi realizada uma conferência de mestres que congregou irmãos de todas as partes da Europa, inclusive de Constantinopla. Ali estavam os paulicianos, cátaros, albigenses, valdenses, bogomiles, reunidos simplesmente como irmãos, sem aceitar nenhum dos apelidos que os seus caluniadores lhes colocavam. Relataram do avanço da obra em lugares tão distantes como a Romênia, Bulgária e Dalmácia. E este fato nos ajuda a visualizar a amplitude e alcance do despertar espiritual que eles protagonizaram naqueles anos.

http://www.pachami.com/Inquisicion/Quemalibros.jpgPapa Inocêncio III

Finalmente, o Papa Inocêncio III decidiu acabar por completo com os 'hereges', depois de fracassar em suas tentativas de convencer, mediante os seus legados, aos albigenses, pois estes se negaram a reconhecer outra autoridade além das Escrituras, e à cristandade organizada como a "verdadeira noiva de Cristo". Tentaram, então, convencer o conde de Provença e outros governadores das províncias do sul da França para que o apoiassem em seus intentos de aniquilação dos "hereges". No entanto, frente à resistência de suas pretensões, convocou uma cruzada de extermínio contra os albigenses e as províncias do Meriodional francês. Nessa região, devido à influência dos irmãos, desenvolveu-se a civilização mais rica e próspera da Europa.

Simón de Montfort.Simon de Monfort

Centenas de milhares se uniram à cruzada convocada pelo Papa, atraídos pelas riquezas que ficariam a mercê da pilhagem e da devastação. Liderada pelo terrível Simón de Monfort, a cruzada contra os albigenses devastou o sul da França até reduzi-lo a mais completa desolação. Um após o outro, os pacíficos povos do sul foram tomados e todos os seus habitantes passados ao fio da espada. Em Minerva, Monfort encontrou 140 irmãos, que negaram a abnegar-se de sua fé, por isso foram entregues às chamas de uma grande fogueira que ele mesmo preparou no centro do povo. Em Beziers, vendo rodeada a cidade e compreendendo que toda resistência seria inútil, o conde Rogelio, junto com o bispo, saiu para pedir clemência para as mulheres e meninos e ainda para aqueles que não eram 'hereges', pois nem todos nela eram albigenses. A resposta de Simón de Monfort foi: "Matem a todos. Deus reconhecerá os seus".

A sangrenta cruzada se estendeu por cerca de vinte anos, até devastar totalmente o país. Em 1211 caiu Albi e em 1221, Toulouse e Avinhon. Seus habitantes tiveram a mesma sorte de todos os outros, e foram passados ao fio da espada.

Centenas de milhares de irmãos morreram, pela guerra ou queimados na fogueira. No entanto, os poucos que conseguiram sobreviver, fugiram para diferentes países levando consigo a sua fé e testemunho. Não obstante, a cristandade oficial não retrocedeu em seu esforço por destruir 'a heresia albigense'. No Concílio de Toulouse, em 1229 foi criada a Inquisição, com o fim de continuar a perseguição em cada recanto da Europa. E a Inquisição completou a obra inconclusa da cruzada contra as províncias do Meridional francês. Deste modo, a civilização de Provença foi extinta por completo.

Apesar de tudo, a fé dos irmãos não morreu. Em qualquer lugar que fossem,tornaram a levantar o testemunho de Jesus Cristo. Por toda a Europa, numerosos irmãos saíam da cristandade organizada, e aqui e acolá tornavam a aparecer, para em seguida ocultar-se, durante os terríveis séculos em que a Inquisição exerceu o seu império. Até que por fim, com o advento da Reforma, saíram novamente à luz, e se encontravam em centenas de milhares, dispostos a escrever um novo capítulo de sua heróica história, encontrando-se unidos à própria Reforma, ou tomando parte da reforma mais radical, com o nome de anabatistas.

Fonte:http://portaldosanjos.ning.com/group/oscavaleirosdosantograal/forum/topics/cataros-e-albigenses

Verá com melhor nitidez esse site, com os navegadores Mozilla Firefox ou Google Chrome.

Obrigada, pela visita. Beijos de luz violeta na alma.