23/05/2011

Harpócrates, o deus do Silêncio.

Harpócrates (em grego: ρποκράτης), na mitologia grega, é o deus do silêncio. Foi adaptado pelos antigos gregos a partir da representação infantil do deus egípcio Hórus. Para os antigos egípcios, Hórus representava o Sol recém-nascido, surgindo todo dia ao amanhecer. Quando os gregos conquistaram o Egito, com Alexandre, o Grande, acabaram por transformar o Hórus egípcio numa divindade helenística conhecida como Harpócrates (do egípcio Har-pa-khered ou Heru-pa-khered, lit. "Har, a Criança").

Na mitologia egípcia, Hórus foi concebido por Ísis, a deusa-mãe, com Osíris, o deus-rei original do Egito, que havia sido assassinado por seu irmão, Seth,[1] e se tornara o deus do mundo inferior. No sincretismo alexandrino os gregos fundiram Osíris com o seu deus do mundo inferior, Hades, produzindo Serápis.

Entre os egípcios o Hórus adulto era considerado o deus vitorioso do Sol, que a cada dia vencia a escuridão. Frequentemente é representado com a cabeça de um gavião, animal que era sagrado ao deus por voar alto sobre a Terra. Eventualmente, após disputar diversas batalhas contra Seth, Hórus finalmente obteve a vitória e se tornou soberano do Egito. Todos os faraós do Egito eram vistos como reincarnações do Hórus vitorioso.

Estelas retratando Heru-pa-khered sobre o dorso de um crocodilo, segurando serpentes em suas mãos estendidas, eram erguidas nos pátios dos templos egípcios, onde eram imersas ou lustradas com água; esta água era então utilizada para abençoar e curar, devido aos supostos poderes de cura e proteção do deus.



Com a moda alexandrina e romana pelos cultos de mistério, na virada do milênio, o culto a Hórus se tornou mais difundido, e passou a ser associado com o de Ísis e Serápis (Osíris).

Assim, Harpócrates, Hórus enquanto criança, personifica o sol recém-nascido a cada dia, a primeira força do sol do inverno. As estátuas egípcias representam este Hórus como um garoto nu, com o dedo indicador sobre a boca - uma associação com o hieróglifo que significa "criança", sem qualquer relação com o gesto greco-romano e moderno que indica "silêncio". Os antigos gregos e romanos, no entanto, sem compreender o significado do gesto, fizeram de Harpócrates o deus do silêncio e do segredo, com base no relato de Marco Terêncio Varrão, que, ao falar sobre Caelum ("Céu") e Terra ("Terra") em sua obra De lingua latina, afirmou:

"Estes deuses são os mesmos que no Egito são chamados de Serápis e Ísis, embora Harpócrates, com seu dedo, me faça um sinal para que eu fique quieto. Os mesmos primeiros deuses eram chamados, no Lácio, de Saturno e Ops."

Ovídio descreveu Ísis:

"Sobre sua cenho se encontravam os chifres lunares, com espigas rutilantes de nítido ouro, regiamente decorados; com ela [estavam] o cão ladrador Anúbis, a santa Bubástis, o multicolorido Ápis e aquele que reprime a voz e com o dedo os silêncios persuade."

Harpócrates. Estátua em prata. Museu Calouste Gulbenkian em Lisboa

Imagens baratas em gesso de Harpócrates, próprias para altares domiciliares, foram encontradas por todo o Império Romano. Agostinho de Hipona era familiar com o gestual icônico de Harpócrates, embora tenha atribuído a Varrão a interpretação insistentemente evemerista de um bom cristão:

"E como em praticamente todos os tempos onde Serápis e Ísis eram cultuados existia também uma figura que parecia pedir silêncio através de um dedo apoiado contra seus lábios; Varrão acredita que o gesto tinha o mesmo significado, e que nenhuma menção devia ser feita a eles terem sido seres humanos."


NO PERÍODO TARDIO (c. 712 a 332 a.C.), essa divindade tornou-se bastante popular e aparecia representada como uma criança nua em pé sobre um crocodilo, tendo nas mãos cobras e escorpiões. Ficou, então, conhecido como um deus com poder de curar as pessoas que tivessem sido mordidas por cobras ou picadas por escorpiões. Ainda podia personificar, segundo alguns autores, os germens que começam a brotar, já que seu pai era uma divindade agrária, ou o Sol debilitado do inverno. Entretanto, Plutarco afirma: Não se deve imaginar que Harpócrates seja um deus imperfeito em estado de infância, nem grão que germina. Assenta melhor considerá-lo como o que retifica e corrige as opiniões irreflexivas, imperfeitas e truncadas no concernente aos deuses, e tão difundidas entre os homens. Por isso, e como símbolo de discrição e silêncio, esse deus aplica o dedo sobre os lábios.

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