Passamos pela vida a redimir acções, a resgatar todas as emoções que uma só pele pode conter.Saberás tu porquê?Algures quando éramos um e somente um, não criámos o tempo, nem o espaço. Permanecíamos ali. O Ser.Depois originámos. Fomos então pensamento, divergimos e separámo-nos em pequenas gotículas de luz. Cada um de nós originou e, daí, surgiram os conceitos da vida, do tempo, do espaço, das estrelas e das emoções e todas as outras coisas que aparentemente hoje nos fazem mover.Quando surgiu o amor?O amor foi originado pela essência do Ser. Separado em milhões de milhões de milhões de partes. Sentiu a ausência, o vazio de permanecer, de estar sem a outra parte dele.Por isso, nascemos separados de uma outra parte nossa e passamos o resto de todas as nossas vidas na busca infinita de nos unirmos.Redimo o teu corpo, dele fala a matéria que originaste. Redimo o sexo que hoje escolheste, dele fala a tua ânsia de te encontrares com todas as tuas outras partes.Passas, então, por cada uma das tuas vidas, num processo de procura tentando vislumbrar em cada uma delas, todas as outras gotículas tuas conhecidas. Se te abstraíres do invólucro que carregas, essa matéria densa que é o teu corpo, a tua máscara, a tua persona, é para ti mais fácil descortinares as essências, os gestos, os cheiros e, muitas vezes, as vozes conhecidas.Uma e outra vez mais, encontrarás no teu caminho partes tuas e todas elas farão sentido se te entregares. Todas elas serão o teu verbo e com todas elas comungarás de amor.Hesitante, haverá dias que as procuras sem saber onde te dirigir, sem distinguires de qual delas sentes falta. Nessas alturas, senta-te e, imóvel, deixa que o mundo gire. Haverá sempre alguma a passar por ti. Deixa que te reconheça.Noutros dias, cansada de caminhar e de procurar tornas-te imóvel e absorves a ilusão de que estás em movimento porque em teu redor tudo se move. Levanta-te e caminha. Orienta-te e ouve apenas a tua voz, deixa que ela te conduza, certifica-te que a ouves, só assim o teu coração será uma bússola de encontro a qualquer uma das tuas outras partes de que sentes falta imediata.No princípio foi o verbo e simplesmente se agia: Amar. Depois originámos e complicámos. Ao complicarmos, deixámos cair o “a” - o alfa, o inicio, o feminino. Só depois, no espaço do “a” colocámos o “o” – o ómega, o fim, o masculino. Assim surgiu o Amor.Amar e Amor. Todos falam no amor, todos querem amor e todos se esquecem de amar primeiro. Por isso, só depois de amares, encontrarás o amor.Parece-te complicado? *
Autora. Garamond
Autora. Garamond
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