20/12/2010

CABALA - ASPECTOS DO OCULTO

ASPECTOS DO OCULTO

MUNDOS ALÉM DA MENTE

D

entre os vários sistemas de estudo e consecuções mágico-místicas, aquele que, provavelmente, nos oferece as melhores lições, adaptando-se às características do Ocidente é, sem dúvida, a Cabala.

Mas o que é a Cabala? Esta é a primeira questão que se ergue, quando ouvimos referências sobre este Ramo do Esoterismo.

O assunto torna-se ainda mais intrigante ao sabermos que grande parte das Ordens Iniciáticas, principalmente as ditas maçônicas (1), se desenvolveram baseadas na Cabala, que aparece como a chave de todos os rituais destas ordens, inclusive os da Igreja Romana, como torna-se obvio a qualquer estudante não minado pelo fanatismo religioso.

A Cabala, a grosso modo, pode ser definida como sendo a Doutrina Esotérica Judaica (2).

A palavra Cabala (3), soletrada em hebraico é QBLH, derivando-se da raiz QBL, Qibel, significando “receber”. Isto refere-se ao fato ( assim é dito ) de que o Conhecimento Cabalístico é sempre transmitido oralmente.

Quanto às origens da Cabala, por mais que nos aprofundemos em pesquisas, jamais teremos respostas concretas a respeito. Mas, entre várias hipóteses, é dito que a tradição foi criada e desenvolvida durante seis mil anos de civilização nas terras de KHEM (Egito) (3). Naqueles gloriosos tempos, quando os “deuses” andavam pela Terra, a tradição era conhecida como PAUT NETERU (Nove Divindades). Em seguida, ao perceberem o início da decadência do Grande Império Camita, os iniciados resolveram transmiti-la aos Caanitas.

Deixemos, entretanto, estas ‘lendas’ de lado por enquanto. O que mais nos interessa no momento é que, no Sistema Ocidental de Iniciação, a Cabala tem sido usada com sucesso por muitos séculos e que contém o mais conveniente e seguro corpo de correspondências jamais concentrado em um só e simples grifo. As divisões e subdivisões representadas pelas Dez SEPHIROTH e os VINTE E DOIS CAMINHOS compreendem o inteiro Universo.

Existem vários meios de exegese cabalista. Os principais seguem regras concisas. Algumas destas regras são de grande importância.

O princípio formal estabelece que, uma vez o profundo significado de uma palavra ou frase seja estabelecido, ela passa a ter o mesmo significado através de toda uma escritura. Isto aplica-se também aos números, letras, abreviações e leis. Por exemplo: de acordo com esta regra, a expressão “SERPENTE DO PARAISO” pode ser entendida como sendo as BIOENERGIAS QUE ASCENDEM PELA COLUNA DORSAL EM ESPIRAIS DURANTE CERTAS PRÁTICAS OCULTAS. Seguindo o princípio acima, todas as serpentes citadas na Bíblia são metáforas para estas energias flamejantes do corpo humano (4).

Em Gênesis, 49:10, Jacob dirige-se à seu filho dizendo: “venha SHILOH...” (IABO SHILOH). Shiloh é primeiramente mencionado por Jeshuah, que construiu um povoado anfictiônico no sítio ao redor do TABERNÁCULO. O quanto sabemos a respeito deste povoado não nos oferece qualquer significado metafórico do termo Shiloh. Os cabalistas encontraram a resposta do seguinte modo: a frase “Venha Shiloh” tem como soma total 358. Existem duas outras palavras com idêntica numeração: SERPENTE e MESSIAS (NChSh e MESSIAH ), que nos ajuda a explicar o significado alegórico de Shiloh.

O termo Serpente foi antes explicado como uma palavra código para as bioenergias que em seu movimento de subida lembram os populares desenhos espiralados do DNA, e melhor ainda, a Serpente do Bastão de Hermes (Mercúrio-Thot), mensageiro dos Deuses Gregos, e nos lembra também a SERPENTE DE BRONZE erguida por Moisés no deserto ( Números, 21:6-9).

Durante a subida através do corpo, estas energias serpentinas entram no coração (Chakra Coronário), onde despertam um Poder chamado MESSIAH. NO sagrado Livro do Zohar está escrito que o Messiah tem que primeiro erguer-se no coração do homem.

Vejamos outro exemplo: A palavra ADONAI (AD-ON-AI) que os irmãos do Quarto Grau da maçonaria Osiriana conhecem, mas não sabem o que significa, escreve-se em hebraico ADNI, valor numérico 65, 6+5 = 11, o número da Magia e o total das Sephiroth (Contando com DAATH) na Árvore da Vida; a união do Hexagrama com o Pentagrama; isto é, o Macro e o Micro reunidos, fazendo UM SÓ. Em uma mais profunda interpretação, temos que os iniciados Gnósticos transliteraram a palavra para implicar suas próprias fórmulas secretas. ON é o Arcano dos Arcanos, seu significado é ensinado gradualmente aos Aspirantes da REAL ARCA DE ENOCH. Também AD é a fórmula paternal, HADIT; ON seu suplemento, NUIT; o YOD final etimológicamente significa “MEU, e essencialmente significa a semente mercurial ( transmitida), virginal e hermafrodita – O EREMITA do Tarot . O nome é, pois, usado para invocar o ARCANO PESSOAL mais íntimo, considerado como resultado da conjunção de NUIT ( O Infinito Grande) e HADIT (O Infinito Pequeno). Se o segundo “A” está incluído, sua importância consiste em afirmar a operação do ESPÍRITO SANTO e a formulação do BEBÊ NO OVO que precede a aparição do Eremita.

Diz-nos Crowley: “A Cabala, isto é, a Tradição dos Judeus, concernente à interpretação iniciática das escrituras deles, é, em sua maior parte, ou ininteligível ou tolice. Mas ela contém como seu esqueleto a mais preciosa jóia do pensamento humano; aquele arranjo geométrico de nomes e números que é chamado de ÁRVORE DA VIDA Eu o chamo de precioso porque tenho verificado que é o método mais conveniente, até agora descoberto, de classificarmos os fenômenos do Universo e de registrarmos as relações entre eles”.(5)

A ‘Arvore da Vida contém Dez SEPHIROTH e Vinte e Dois Caminhos, perfazendo as TRINTA E DUAS PORTAS DA SABEDORIA. Entretanto, aí existe um Véu. Não são somente Dez Sephiroth, mas ONZE – DAATH, que quase nunca é mencionada nos compêndios (porque não interessa a muitos) a respeito da Cabala, é a invisível Porta que dá acesso às TRÊS SEPHIROTH SUPERNAS (KETHER, CHOKMAH E BINAH). Assim, temos a soma TRINTA E TRÊS (11+22) que nos fornece as chave dos Trinta e Três Graus da Maçonaria e, como todos devem ter notado, a idade de IHShVH, isto é, o Magus do AEON de OSIRIS.

A Árvore da Vida é, por assim dizer, uma chave cabalística no senso místico e mágico. Numerosos livros t6em sido escritos a respeito da Dez Sephiroth e dos Vinte e Dois Caminhos, desdobrados pela consciência humana, em sua tentativa de compreender os poderes macrocósmicos em termos de valores microcósmicos.

O ocultismo no Ocidente, entretanto, vem sendo dominado por interpretações que somente tomam em consideração o aspecto positivo deste grande símbolo. O outro lado, o negativo (6), ou avesso da Árvore, tem sido mantido velado e maliciosamente ignorado. Mas não existe dia sem noite, e o SER, Ele mesmo, não existe sem referência ao NÃO-SER, do qual é a inevitável manifestação.

Qualquer alusão a este aspecto da Árvore da Vida e seus Ramos tem sido classificada sob oprobiosos cabeçalhos ou relacionados ao infernal domínio dos Qliphoth, o mundo das “cascas” ou “sombras”, que não é outro senão nosso mundo, tal como o conhecemos, sem a Luz transformadora da Consciência Mágica.

Assim sendo, a total Iniciação não será possível sem o entendimento dos Caminhos Qliphothicos, que são, na prática, tão reais quanto a sombra de qualquer objeto iluminado pelo sol. Em outras palavras, os Caminhos Luminosos de Horus, os Caminhos que o homem tem projetado para conectar as Zonas-de-Poder Cósmico (Sephiroth) com sua própria consciência, possui suas contrapartes nos Túneis de Seth, uma obscura teia, ou noturna rede de Caminhos, cuja existência é ignorada por esses que são incapazes de perceber a total complexidade da Árvore, mas percebida mesmo àqueles que atingiram seus mais baixos Ramos. É falso e fútil imaginar uma moeda com somente uma face. Pessoas que assim tentam imaginar, jamais poderão descobrir os segredos do Universo que, na realidade, são os seus mesmos segredos. Somente depois de dominar o mundo das sombras dentro de si mesmo, na forma de arqui-demônios, luxuria, ódio e orgulho, é que o homem poderá realmente clamar-se o Senhor dos Discos Luminosos, a Sephiroth.

As Sephiroth eram descritas pelos antigos Cabalistas, e por alguns dos atuais, como sendo divinas emanações do Absoluto. A Palavra Sephiroth é o plural de Sephira, significando “número” ou “emanação”. As Dez Sephiroth representam a emergência de AIN (O Nada que está além da Unidade) via a escala numérica de Um a Nove, e seu retorno ao Nada via Malkuth onde a Unidade (1) torna-se Nada (0) outra vez.

Como os leitores devem ter percebido, existem certos fatos relacionados com a Cabala que necessitam ser ventilados antes que possamos obter uma melhor compreensão deste Sistema, como também para evitar andar em círculos e becos sem saída, causados por distorções e deturpações que, num passado não muito remoto, impediram o avança da evolução humana, neste particular assunto nos últimos dois mil anos.

Contudo é necessário alertar que estes erros não ocorreram de acidentes fortuitos, mas sim provocados deliberadamente, fazendo parte de maquiavélico plano no qual o homem viu-se envolvido inconscientemente. Grupos, os mais diabólicos, deturpando alguns Arcanos, pretenderam, e ainda pretendem, usurpar não só o poder religioso, mas também o mágico, e, através destes, manipular o destino do Planeta. Muitos questionarão o porque disso, ou melhor, qual o intuito desses que elaboraram o plano. Existem pistas espalhadas por toda nossa História, as quais os mais perceptivos, ou os de fato Iniciados, poderão Ter idéia do porque.

Entretanto, como deveria se tornar obvio a esses grupos, o plano jamais teria êxito por muito tempo, e está se desmoronando no presente AEON, malgrado os desesperados esforços deles em mante-lo de pé.

A ardilosa maquinação elaborada pela, assim chamada, A GRANDE FEITIÇARIA, falha em um detalhe: sendo a Lei da Evolução Universal perfeitamente dinâmica e elástica, ela contém várias subdivisões de desordem, de imperfeições; mas também de salvaguardas, agindo automaticamente quando a Vontade Maior é atingida pela vontade menor, interferindo além dos limites estabelecidos.

Também esse assunto, sendo de suma importância para uma melhor compreensão do Grande Quadro e, obviamente, das causas de nossos males, deve ser estudado e analisado demoradamente.

Quando isso for feito, veremos que aquela falha no plano e esses males são, eles mesmos, perfeitos exemplos do funcionamento das salvaguardas: a falha produz sofrimento e, sofrendo, o homem busca respostas e, nessa busca, encontrará, mais cedo ou mais tarde, a chave do GRANDE ARCANO, anulando a ação nefasta daquela organização diabólica.

Depois da Yoga, a cabala é o mais propalado Sistema de Iluminação no Ocidente, porém um dos menos compreendidos.

Na maior parte das vezes, as pessoas interessadas nesta Ciência perdem-se no amaranhado de superstições derivadas daí.

Todo o segredo, o próprio coração do Edifício Cabalístico, está contido na Árvore da Vida; e é mediante o certo e adequado uso desse glifo que conseguimos atinar com realidades subjacentes a toda complicação que a Cabala pode parecer aos menos esclarecidos. A Árvore da Vida simboliza o inteiro Universo (Macro e Micro), uma proposição tão vasta em suas implicações que muitos chegam a duvidar da existência de um tal simbolismo.

A Árvore é um diagrama composto por dez esferas chamadas Sephiroth, e vinte e duas linhas conectando estas esferas, e que se chamam Caminhos. Normalmente a Árvore é mostrada em duas dimensões, mas também existem representações em que ela aparece em três dimensões.

Existem dois métodos básicos de consecução espiritual baseados no uso direto da Árvore da Vida: MEDITAÇÃO e RITUALISMO. Seguindo esses dois processos, o homem logrará atingir o Coração da Árvore, o Centro Crístico Nele Mesmo – TIPHARETH – onde terá a Visão e Conversação do Sagrado Anjo Guardião (ADONAI, no linguajar cabalístico) sendo das mais transcendentais experiência que o homem pode ter.

Os dois métodos acima referidos – meditação e ritualísmo – na realidade são um, e fundamenta-se na mais rigorosa disciplina interna e externa (disciplina mágica), cuja finalidade é obter o completo controle do princípio pensante, o RUACH. Com essa faculdade sob controle, o Aspirante exalta gradualmente seu ser por várias técnicas ritualísticas: invocações, evocações, vibração dos nomes divinos, identificação com as imagens telesmáticas ou místicas, adoração, entrega, etc. No final ele percebe que todas as técnicas perfazem UMA SÓ.

Assim trabalhando, ele transcende o que ele é no atual, ou melhor, o que ele pensa ser, ascendendo pelas SEPHIROTH até atingir (teoricamente) KETHER. Esta subida realiza-se pela COLUNA DO MEIO, ou o CAMINHO DO MEIO, isto é, a Coluna Central da Árvore, formada por MALKUTH, YESOD, TIPHARETH, DAATH e KETHER. No Sistema Oriental isto equivale ao Canal Shushuma, por onde eleva-se KUNDALINI. Na Tradição Greco-Romana, o Caduceu de Hermes (Mercúrio-Toth) é o símbolo do segredo, tanto quanto a Serpente de bronze erguida por Moisés no deserto.

Evidentemente, pode-se usar os outros Caminhos laterais, as duas Colunas laterais, que na maçonaria recebem os nomes de BOOZ e JACHIN (7).Antes de usar os métodos prescrito pela Cabala prática, o Aspirante deverá lograr perfeito conhecimento dos diversos Nomes Divinos, posições relativas das Sephiroth e, ispso facto, no seu próprio veículo psicossomático, atribuições simbólicas, ligações (Caminhos), relações com outros sistemas, cores atribuídas a cada Sephira e a cada Caminho nos Quatro Mundos, etc. Como dito por Eliphas Levi: “é um brinquedo de criança e um trabalho de gigante”.

Após estas considerações, o Aspirante procederá à meditação que, diferentemente daquela do Yoga, é essencialmente dinâmica, consistindo naquilo que vulgarmente se denomina Viagem Astral, usando como referências para a ‘viagem’ aqueles símbolos, nomes, cores, imagens, etc.

A ritualística requer, por parte do Estudante, preparações externas e internas, principalmente um profundo desejo em realiza-la. A construção do Círculo Mágico torna-se imprescindível nesta fase inicial, e nenhum magista de bom senso o descartará, sob risco de se tornar presa de forças desequilibradas. Dentro do Círculo, o magista traçará figuras geométricas correspondentes à Sephira com a qual deseja trabalhar, e outros símbolos adequados como cores, nomes divinos, perfumes, etc. Exemplo: digamos que ele decida trabalhar com GEBURAH. Esta Sephira, a Quinta, tem estreita relação com Marte, Horus, Thor, etc. (8). Sua cor é o vermelho, e a estrela de cinco pontas seu símbolo máximo. O Magista então, traçará um pentagrama no interior do círculo e, na circunferência usará os nomes divinos apropriados. O pentagrama terá a cor vermelha e o círculo será verde (cor complementar), etc. Colocando-se no centro do círculo, o Magista procederá às invocações ou evocações, e usará seu corpo astral para tal fim.

Assim descrito, o processo, parece fácil. Mas ele requer um perfeito entendimento do que se está fazendo, perfeito controle sobre seus aspectos mais inferiores, perfeita concentração, tempo, dedicação, exaltação de todo o ser do magista, etc.

Outro método para se obter os mesmo resultados é chamado de Identificação. É o método do místico. O livro “Exercícios Espirituais” de Inácio de Loyola, é um dos textos mais perfeitos que trata do assunto e deve ser estudado com seriedade.

Para melhor visão do que agora vai ser dito, devo lembrar que as Três Sephiroth Supernas (Kether, Chokmah e Binah) encontram-se separadas das demais por uma espécie de “vazio” chamado ABISMO, UMA VERSÃO DO VÉU DE PAROKETH num plano mais elevado.

A Árvore da Vida, sendo normalmente figurada com as Dez Sephiroth conhecidas, na realidade, como já dito, possui ONZE, embora a décima primeira – Daath – seja citada pelos Cabalistas como uma falsa Sephira, porque ela não possui, por assim dizer, lugar no esquema da Árvore. Na realidade ela está “fora” da Árvore se olharmos o problema sob certos aspecto.

Um dos significados dados a Daath é “CONHECIMENTO”. Em um aspecto, esta Sephira é o fruto de Chokmah e Binah; em outro, é a Oitava Cabeça do Dragão, elevada quando a Árvore da Vida foi “arruinada” e o Macroposopus (Grande Face) colocou a Espada Flamejante contra o Microposopus (A Pequena Face). Por permutação, DOTH (Daath) equivale a OthD, outra palavra hebraica para CARNEIRO ou BODE; também é o número da palavra DUO (Dois). O DUPLO ou DUBLE é a imagem, boneco, ou SOMBRA, velado pelos antigos egípcios pelo TAT que equivale a Doth. Daath também é o Palácio de CHORONZON, o Guardião do Portal do Abismo. Unindo estes vários significados, vemos que o Conhecimento de Daath, ou “Morte” (Death, em Ingles), é de natureza do Segredo da DUALIDADE, representada pela Sombra ou Duble Mágico, através do qual o homem sobrepuja a morte, penetra pelo Portal de Daath e explora o Palácio de Choronzon, o Deserto de Seth.

Daath, como fruto de Chokmah e Binah (10), está atribuída a URANUS, que indica a natureza altamente explosiva deste Conhecimento. Netuno, assim como Chokmah, é uma forma de Hadit; e Saturno, da mesma forma que Binah, é uma forma de Nuit. Este Conhecimento, portanto, é o Conhecimento da Vida e também o é da Morte e, como tal, sugere a natureza sexual da fórmula.

No Sistema Oriental dos Chakras, Daath está atribuída ao Centro Laríngeo (O Centro da Palavra) – VISHUDA. Este centro representa a fala, mas a PALAVRA, no seu senso oculto da Verdadeira VOZ (MAKHERU), somente pode ser pronunciada por um MAGUS, cuja natural Casa é a Segunda Sephira, Chokmah. O II (dois) e o 11 (onze) encontram-se, assim, em Daath, a Esfera de Conhecimento, pois Conhecimento somente é possível onde a dualidade (dois, duo, II, 11) prevalece.

Daath é uma Porta. Nós sabemos que a letra DALETH, o número 4, significa “Porta” e está atribuída a Vênus, a Deusa do Amor Sexual, como a Porta de toda vida manifestada; e a Porta Venusiana está simbolizada por uma VESICA (KTEIS).

Para alcançarmos Kether, a Suprema Coroa, urge ultrapassarmos o Dualismo, isto é, Conhecimento, e isto torna-se difícil enquanto possuímos um ego. Esta passagem, este transcender, conhecido como A ATRAVESSIA DO ABISMO, quer dizer ultrapassar a dualidade, o ego. Lá, do outro lado, se é que podemos usar tal expressão, não existem os pares de opostos, tais como preto e branco, alto e baixo, luz e trevas, frio e quente, etc. Lá é a morada de NEMO (Nenhum Homem). Lá, TUDO É UMA SÓ E ÚNICA COISA, O UM INDIFERENCIADO.

No transe da passagem do Abismo, situa-se o maior e mais terrível medo do ego humano. Pois, para transcender o Abismo e atingir as Supernas, ele terá que ser destruído> “Se não te tornares outra vez uma criança e voltares ao útero de tua mãe, não verás o Reino dos Céus”. Isto pode, a grosso modo, ser colocado em termos da Segunda morte da teologia romana.”

Apresenta-se também como um dos paradoxos do Caminho Iniciático; o ego, após incríveis dificuldades para se aperfeiçoar, tem que ser destruído. Torna-se, portanto, compreensível que aquela parte do homem em mudança tema deseperadamente e se rebele contra o fato, e procure algo que explique o paradoxo em termos racionais. Não podendo encontrar explicações, atribui logicamente que sua penas sejam provocadas por alguma força maligna, destrutiva e oposta à divindade. Porém, o Universo não pode ser explicado em termos da razão, ou do intelecto, pois, tanto a razão quanto o intelecto, trabalham sob o poder da dualidade, que é uma mentira no Drama Universal. “A loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria dos homens”.

Usando um pouco de poesia, poderíamos afirmar que a beleza de uma árvore, a harmonia nela existente, está na manifestação total de seu conjunto, isto é, seus ramos, flores, frutos, tronco e suas RAÍZES, muito embora sejam estas últimas invisíveis ao olhar do observador superficial e desatento. Entretanto, sem a raízes, a árvore não se manteria completa e de pé. As raízes estão profundamente mergulhadas na terra negra, no seio da Mãe, do mesmo modo que todo edifício possui seus alicerces fortemente estabelecidos sob o solo; e quanto mais profundo for este alicerce, esta base, mais alta e mais firme estará a estrutura edificada. Pensem nisto...

É patético que qualquer referência ao aspecto avesso ou negativo da Árvore da Vida tenha sido identificado com o “reino do Diabo”. Somente broncos ou maliciosos possuem essa religiosidade tão primitiva.

Sob o ponto de vista iniciático, que é o único que nos interessa no momento, o homem não se encontra em Malkuth, mas sim nos Qliphoth. Sob esse mesmo ponto de vista, não haverá total e completa Consecução Espiritual sem o direto contato e domínio dos, assim chamado, Reis do Edon (Qliphoth). Necessitamos compreender que os Qliphoth são partes integrantes e inseparáveis do conjunto da Árvore da Vida, da mesma forma que nosso anus e nosso pênis (ou vagina) fazem parte de nosso corpo e que estaremos mal de saúde se estas partes não executarem suas funções biológicas livremente. Os Qliphoth são a outra face das Sephiroth, e estas duas faces constituem, usando um velho clichê, uma só moeda.

Qualquer estudante (seja mação, teósofo, etc.) que escolhe (na verdade o mação não tem escolha) o Sistema Cabalístico, ou qualquer outro sistema para seu trabalho oculto, forçosamente encontrar-se-á com os Qliphoth, pois não existe qualquer maneira de evitá-lo. Na própria fábula romana, Jesus teve que descer aos Infernos...

O acima dito não quer significar em absoluto existirem duas Árvores da Vida, uma superior, sob o comando de “deus”, e outra inferior sob o comando do “diabo”. A filosofia maniqueista copiada pela Igreja Romana foi uma dessas superficiais tentativas de interpretar os fenômenos do Universo. Não existe Bem e Mal absolutos em constante luta pela posse do Cosmo. Uma “lado negro” da força, combatendo um “lado branco”, é assunto onde toda a superstição e deturpação da teologia ocidental é manipulada para reforçar o plano da Grande Feitiçaria. Isis, Seth, Osiris, Typhon e Horus são manifestações personalizadas de uma só e Única Energia. Somente após pleno conhecimento e domínio dessas forças amorais (nem morais e nem imorais) existentes dentro de nós mesmos – sob a forma de deuses, demônios, anjos, etc. – é que o ser humano transcenderá as condições do mundo onde tem sua atual existência, tornando-se, ele Mesmo, Um com a Divindade, um Mestre dos Mistérios.

Lidar com os Qliphoth constitui perigo na medida que não haja clara perspectiva do assunto. Independente disso, devemos entender que tudo é projeção de nossas mentes, que o Universo espelha esta mente com seus sonhos, temores, alegrias, medos, tristezas, ambições, etc. Luta e perigo existem em todas as partes. Existe perigo até no atravessar de uma rua, mas nem por isso deixamos de atravessa-la.

Se o Universo não se apresentasse sob esse dinamismo, sem esses desafios, sem esta excitação, sem os incentivos naturais, não haveria evolução. O Universo é um FLUIR ETERNO. Não existe tal lugar como o céu católico romano ou protestante, estático, onde se descansa indefinidamente cercado de anjos tocando harpas, e mil virgens cantando. Que coisa sem cor...

Iniciar-se é viajar internamente nos mais profundos estratos da Alma, entrando em contato com tudo que existe, dentro e fora de nós. Isso chama-se Bodas Químicas. Todo ocultista que evita essa salutar viagem, esse salutar casamento, essa união com as Energias Cósmicas, está, obviamente construindo castelos de areia.

Os Qliphoth, tais como as Sephiroth, são partes e “artes” de nós mesmos. Portanto, além de tolice, é impossível fugir do encontro com as regiões as quais, na realidade, estamos constantemente em contato.

A partir do momento em que o homem opta pelo Caminho da Iniciação, automaticamente tem começo o processo do despertar dessas energias, bem como elas iniciam o trabalho para o qual foram destinadas. Ao darmos exagerado valor ao perigo nesses Caminhos, despertamos o medo, e o medo constitui, por si só, a maior barreira no Caminho da Iluminação. É estupidez o temor à morte, à loucura, ou à perda da Alma. A lenda que diz ser possível vender a Alma ao diabo é pura tolice, invencionice de mentes desequilibradas. Mesmo admitindo-se a existência de um tal ser, o homem não poderia, em hipótese alguma, vender sua Alma, pois ela é UNA COM A DIVINDADE que se manifesta sob a máscara da personalidade destinada a desaparecer pelo processo iniciático. A Alma, parte divina do homem, jamais pode ser destruída.

No decorrer de suas vidas, a maioria das pessoas jamais se deu conta de que, muito além do Universo dos processos mentais considerados normais, existem outros tantos Universos completamente desconhecidos por nossa parte consciente, contendo em si mesmos mundos tão vastos e tão amplos, que tona-se difícil falarmos deles, ou descrevermos suas dimensões, sem recorrermos a um exótico linguajar simbólico. A chave deste linguajar vamos encontrar na CABALA.

Lograr o inefável prazer de abordar aquelas paragens

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