Passados 500 anos de convivência sempre conflituada, o índio continua sendo pouco mais do que um mito brasileiro.
Afinal, são defensores da ecologia, como o caiapó Paulinho Paiakan? São pessimistas incuráveis, que se suicidam por puro desespero, como os guaranis-caiovás, ou empresarios bem-sucedidos, como os caiapós? Podem ser três, como os xetás, ou 23 mil, como os ticunas. Para onde vão? A resposta não depende deles.
A história brasileira não registra um único herói indígena - nem aqueles que ajudaram os portugueses a conquistar a terra, como Tibiriça, que salvou São Paulo; Araribóia, que venceu os franceses, ou Felipe Camarão, que bateu os holandeses.
Não há um só atleta ou escritor nativo. Houve um político indígena, o cacique Mário Juruna - mas ele foi abandonado em Brasília. Raoni é um herói - mas não no Brasil. É um herói de Sting, o popstar cheio de boas intenções e má consciência. Raoni se tornou só uma mensagem. Uma imagem tão incongruente quanto a do quadro O Último Tamoio.
Nenhum jesuíta jamais chorou a morte do último tamoio, que eram aliados dos franceses e foram traídos pelos padres. Haverá alguém para chorar pelo último ianomâmi?
(Eduardo Bueno/Zero Hora)
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