27/07/2007

O Significado do Coração para os Egípcios.

"O CORAÇÃO PARA OS EGÍPCIOS, é o orgão do pensamento e da afectividade - o centro do ser físico e do intelecto"
Claire Lalouette

Alquimia

Bruxa Lofn

Desejo-me a mim mesma no corpo etério de uma mulher sublime, como preciso do ar que respiro.
Desejo ver-me e sentir-me inteira no meu corpo completo como se reinventasse outro ser...
E como se os meus sentidos fossem mágicos desdobrar-me... e do ar, do éter ou do prana, pela força do meu anseio aparecesse um novo ser que me amasse até à consumação.
Queria que por magia, eu própria me transformasse em substância etéria e libertasse a minha alma da escravidão desde corpo denso de pele e desejo...
Queria ser águia e vencer o dragão.

À Flor da pele.


“O amor-sexualidade e o amor-espiritualidade são a emergência de uma mesma seiva da árvore humana, a dois níveis diferentes mas indissociáveis: o Eros.”
Annike de Souzenelle

A História da Sexualidade.


A sociedade vive desde o século XVIII, com a ascensão da burguesia, uma fase de repressão sexual. Nessa fase, o sexo se reduz a sua função reprodutora e o casal procriador passa a ser o modelo. O que sobra vira anormal - é expulso, negado e reduzido ao silêncio. Mas a sociedade burguesa - hipócrita - vê-se forçada a algumas concessões. Ela restringe as sexualidades ilegítimas a lugares onde possam dar lucros, como nas casas de prostituição e hospitais psiquiátricos. A justificativa para isso seria que, em uma época em que a força de trabalho é muito explorada, as energias não podem ser dissipadas nos prazeres. Certo?Segundo Michel Foucault, filósofo francês, está quase tudo errado. A hipótese descrita acima é chamada por ele de hipótese repressiva e vem sendo aceita quase como uma verdade absoluta. Mas Foucault descontrói esse pensamento e formula uma nova e desconcertante hipótese, mostrando a seus leitores que ainda que certas explicações funcionem, elas não podem ser encaradas como as únicas verdadeiras, pois, segundo ele, a verdade nada mais é do que uma mentira que não pode contestada em um determinado momento.De certa forma, a hipótese repressiva não pode ser contestada, já que serve bem à sociedade atual. Foucault afirma que, para nós, é gratificante formular em termos de repressão as relações de sexo e poder por uma série de motivos. Primeiramente, porque, se o sexo é reprimido, o simples fato de falar dele e de sua repressão ganham um ar de transgressão. Segundo, porque, aceitando-se a hipótese repressiva, pode-se vincular revolução e prazer, pode-se falar num período em que tudo vai ser bom: o da liberação sexual. Sexo, revelação da verdade, inversão da lei do mundo são, hoje, coisas ligadas entre si. Finalmente, insiste-se na hipótese repressiva porque aí tudo que se diz sobre o sexo ganha valor mercantil. Por exemplo, certas pessoas (psicólogos) são pagas para ouvirem falar da vida sexual dos outros.Esse enunciado da hipótese repressiva vem acompanhado de uma forma de pregação: a afirmação de uma sexualidade reprimida é acompanhada de um discurso destinado a dizer a verdade sobre o sexo. Foucault, no livro História da Sexualidade I, interroga o caso de uma sociedade que há mais de um século se "fustiga ruidosamente por sua hipocrisia, fala prolixamente de seu próprio silêncio, obstina-se em detalhar o que não se diz e promete-se liberar das leis que a fazem funcionar". A questão básica não é "por que somos reprimidos, mas por que dizemos, com tanta paixão, com tanto rancor contra nosso passado mais próximo, contra nosso presente e contra nós mesmos que somos reprimidos?".A partir daí, o autor nos propõe uma série de questionamentos: a repressão sexual é mesmo uma evidência histórica, como tanto se afirma por aí? Serão os meios de que se utiliza o poder mesmo repressivos? Será que não se utilizam de formas mais ardilosas e discretas de poder? A crítica feita à repressão quer mesmo acabar com esta ou faz parte da mesma rede histórica que denuncia? Existe mesmo uma ruptura histórica entre Idade da repressão e a análise crítica da repressão? Não seria para incitar a falar sobre ele que o sexo é exibido como segredo que é indispensável desencavar?Não é que Foucault diga que o sexo não vem sendo reprimido; afirma, sim, que essa interdição não é o elemento fundamental e constituinte a partir do qual se pode escrever a história do sexo a partir da Idade Moderna. Ele coloca a hipótese repressiva numa economia geral dos discursos sobre sexo a partir do século XVII. Mostra que todos esses elementos negativos ligados ao sexo (proibição, repressão etc.) têm uma função local e tática numa colocação discursiva, numa técnica de poder, numa vontade de saber.A hipótese de Foucault é que há, a partir do século XVIII, uma proliferação de discursos sobre sexo. Diz ele que foi o próprio poder que incitou essa proliferação de discursos, através de instituições como a Igreja, a escola, a família, o consultório médico. Essas instituições não visavam proibir ou reduzir a prática sexual. Visavam, sim, o controle do indivíduo e da população.A explosão discursiva sobre sexo de que trata Foucault veio acompanhada de uma depuração do vocabulário sobre sexo autorizado, assim como de uma definição de onde e de quando podia se falar dele. Regiões de silêncio - ou, pelo menos, de discrição - foram estabelecidas entre pais e filhos, educadores e alunos, patrões e serviçais etc.A Igreja Católica, com a Contra-Reforma, deu início ao processo de incitação dos discursos sobre sexo ao estimular o aumento das confissões ao padre e também a si mesmo. As "insinuações da carne" têm de ser ditas em detalhes, incluindo os pensamentos sobre sexo. O bom cristão deve procurar fazer de todo o seu desejo um discurso. Ainda que tenha havido uma interdição de certas palavras, esta é apenas um dispositivo secundário em relação a essa grande sujeição, é apenas uma maneira de tornar o discurso sobre sexo moralmente aceitável e tecnicamente útil.Ainda no século XVIII e principalmente no século XIX, houve uma dispersão dos focos de discurso sobre o sexo, que antes eram restritos à Igreja. Houve uma explosão de discursos sobre sexo, que tomaram forma nas diversas disciplinas, além de se diversificarem na forma também. A medicina, a psiquiatria, a justiça penal, a demografia, a crítica política também passam a se preocupar com o sexo. Analisa-se, contabiliza-se, classifica-se, especifica-se a prática sexual, através de pesquisas quantitativas ou causais.Esses discurso são, realmente, moralistas, mas isso não é o essencial. O essencial é que eles revelam a necessidade reconhecida de superar esse moralismo. Supõe-se que se deve falar de sexo, mas não apenas como uma coisa que se deve simplesmente coordenar ou tolerar, mas gerir, inserir em sistemas de utilidade, regular para o bem de todos, fazer funcionar segundo um padrão ótimo. O sexo não se julga apenas, mas administra-se . Portanto, regula-se o sexo não pela proibição, mas por meio de discursos úteis e públicos, visando fortalecer e aumentar a potência do Estado (que não significa aqui estritamente República, mas também cada um dos membros que o compõe).Um dos exemplos práticos dos motivos para se regular o sexo foi o surgimento da população como problema econômico e político, sendo necessário analisar a taxa de natalidade, a idade do casamento, a precocidade e a freqüência das relações sexuais, a maneira de torná-las fecundas ou estéreis e assim por diante. Pela primeira vez, a fortuna e o futuro da sociedade eram ligados à maneira como cada pessoa usava o seu sexo. O aumento dos discursos sobre sexo pode, então, ter visado produzir uma sexualidade economicamente útil.Da mesma forma em que o sexo passou a ser um problema para a demografia, também passou a despertar as atenções de pedagogos e psiquiatras. Na pedagogia, há a elaboração de um discurso acerca do sexo das crianças, enquanto, na psiquiatria, estabelece-se o conjunto das perversões sexuais. Ao se assinalar os perigos, despertam-se as atenções em torno do sexo. Irradiam-se discursos, intensificando a consciência de um perigo incessante - o que incita cada vez mais o falar sobre sexo.O exame médico, a investigação psiquiátrica, o relatório pedagógico, o controle familiar, que aparentemente visam apenas vigiar e reprimir essas sexualidades periféricas, funcionam, na verdade, como mecanismos de dupla incitação: prazer e poder. "Prazer em exercer um poder que questiona, fiscaliza, espreita, espia, investiga, apalpa, revela; prazer de escapar a esse poder. Poder que se deixa invadir pelo prazer que persegue - poder que se afirma no prazer de mostrar-se, de escandalizar, de resistir." Prazer e poder se reforçam.Pode-se afirmar, então, que um novo prazer surgiu: o de contar e o de ouvir. É a obrigação da confissão, que se difundiu tão amplamente, que já está tão profundamente incorporada a nós, que não a percebemos mais como efeito de um poder que nos coage. A confissão se diversificou e tomou novas formas: interrogatórios, consultas, narrativas autobiográficas. O dever de dizer tudo e o poder de interrogar sobre tudo se justificam no princípio de que a conduta sexual é capaz de provocar as conseqüências mais variadas, ao longo de toda a existência. O sexo aparece como uma superfície de repercussão para outras doenças. Mas pressupõe-se que a verdade cura quando dita a tempo e quando dita a quem é devido.Michel Foucault constrói, portanto, uma nova hipótese acerca da sexualidade humana, segundo a qual esta não deve ser concebida como um dado da natureza que o poder tenta reprimir. Deve, sim, ser encarada como produto do encadeamento da estimulação dos corpos, da intensificação dos prazeres, da incitação ao discurso, da formação dos conhecimentos, do reforço dos controles e das resistências. As sexualidades são, assim, socialmente construídas. Assim como a hipótese repressiva, é uma explicação que funciona. Cada um que aceite a verdade que mais lhe convém. Ou invente novas verdades.

A Sexualidade texto baseado, na visão Michel Foucault.

ESTAMOS VIVENDO UM REGIME NAZIFACISTA MODERNO.


















Já se perguntaram alguma vez como Adolf Hitler, um artista miserável que vivia em albergues, pôde converter-se no deus e fuehrer proeminente da Alemanha nos anos 30 e 40? O que quero dizer é que: Quantos quase-sem-teto você conhece que tenham tido tal sorte? Mesmo que você conheça algum, o fato é que o fenômeno nazista não foi mera casualidade. Pelo contrário, foram os banqueiros de Wall Street (entre outros) os financiadores ocultos desta meteórica ascensão ao poder. O que é ainda mais deplorável é o fato de que a família de nosso atual presidente fez parte das pessoas que financiaram a máquina de guerra nazista, e se locupletaram com ela. Os autores Webster G. Tarpley e Anton Chaitkin, em "George Bush: The Unauthorized Biography " resumem a situação desta maneira: "Ao decidir que Prescott Bush [o avô de George W. Bush] e os outros diretores da Union Banking Company (UBC) eram legalmente TESTAS-DE-FERRO DOS NAZISTAS, o governo evitava o problema histórico mais importante: em que medida os próprios nazistas de Hitler foram contratados, armados e adestrados pelas camarilhas de Nova York e de Londres, das quais Prescott Bush era um dos executivos?" Portanto, antes de entrar nos elementos essenciais deste artigo, começarei dizendo que o que vão ler aqui não é nada de “inédito”. Já está disponível através de toda uma série de fontes, e não pensem que minha intenção é fazer novas revelações. Meu objetivo é oferecer um resumo de como os serviços de informação holandeses e os arquivos do governo norte-americano confirmam sem margem a dúvida "os laços diretos entre Prescott Bush, a família Thyssen e os lucros sangrentos obtidos de 'nossa' Segunda Guerra mundial". Este dinheiro sujo de sangue foi obtido via UBC, no qual Prescott Bush e seu sogro, George Herbert Walker, uniram forças com o industrial alemão Fritz Thyssen e financiaram Adolf Hitler antes e durante a Segunda Guerra mundial. Ainda que um grande número de outras sociedades ajudasse os nazistas (como a Standard Oil e o Chase Bank, dos Rockefeller, assim como grandes montadoras de automóveis estadunidenses), os interesses de Prescott Bush foram muito mais profundos e sinistros. Não apenas havia ligações financeiras, como também os laços comerciais estavam muito mais consolidados. O que tento dizer é isto: uma parte importante da estrutura financeira da família Bush foi constituída por meio de sua ajuda a Adolf Hitler. Podem imaginar os desdobramentos desta afirmação? O atual presidente dos Estados Unidos, assim como seu pai (ex-presidente, vice-presidente e diretor da CIA) chegaram ao ápice da hierarquia política norte-americana porque seu avô, seu pai e sua família política haviam ajudado e alentado os nazistas. As perguntas que gostaria de fazer agora são as seguintes: 1) Por que o presidente Bush não quer admitir estes crimes familiares? 2) Por que os meios de comunicação não o interrogam diretamente sobre estes crimes horríveis? Naturalmente, alguém pode não acreditar que a família Bush ajudou diretamente os alemães, o que constituía em essência uma traição contra seu próprio país. Contudo, é a triste realidade. Para prová-la, comecemos pelo principio. Em 1922, W. Averell Harriman, este notório magnata das estradas de ferro, foi a Berlim com o objetivo de entrevistar-se com os membros da família Thyssen e de fundar uma filial bancária. E quem se converteu no presidente deste banco? George Herbert Walker, o sogro de Prescott Bush. Dois anos mais tarde, em 1924, a UBC foi criada com vistas a unir suas forças ao "Bank voor Handel em Scheepvaart" (Banco do Comércio e da Navegação) de Fritz Thyssen. E quem foi nomeado para dirigir diretamente a UBC? Prescott Bush. E ainda melhor para Prescott Bush foi o fato de que George Herbert Walker lhe deu uma ajuda incrível, em 1926, catapultando-o ao cargo de Vice-Presidente e sócio de negócios na Brown Brothers Harriman. E quem levou Prescott com ele nesta empresa? Um punhado de seus antigos colegas de classe em Yale pertencentes à (sociedade secreta) Skull & Bones. Além disso, Prescott Bush era um dos sete acionistas da UBC. Até este ponto, vocês poderão pensar: e daí? Nada parece extraordinário. São apenas negócios usuais. Mas as aparências enganam, como vamos ver em breve. É que, bem ao fim destes loucos anos 20, aconteceu algo que, quando se vê no contexto de Prescott Bush, põe tudo em sua própria perspectiva. Una vez mais citemos os autores Tarpley e Chaitkin em sua "Biografia Não Autorizada": "o grande crack financeiro de 1929-1931 comoveu os Estados Unidos, a Alemanha e a Grã-Bretanha, debilitando todos os governos. Além disso, deixou o diligente Prescott Bush mais desejoso ainda de fazer tudo o que fosse necessário para resguardar seu novo posto no mundo. Foi durante esta crise que certos anglo-americanos decidiram a instauração do regime hitlerista na Alemanha." E quem seria um dos personagens-chave para iniciar a troca da guarda na Alemanha? O sócio da família Bush, Fritz Thyssen. Aqui seria oportuno ver um pouco mais de perto o tipo de gente com quem os Bush estavam se metendo. Fritz Thyssen foi o primeiro em impulsionar o partido nazista recém constituído dando-lhe 25.000 dólares em meados dos anos 20. Em 1931, filiou-se ao partido nazista e logo se tornou amigo íntimo de Adolf Hitler. Ao longo dos anos, Thyssen acabou se convertendo no “primeiro e mais importante financiador de Hitler" e se tornou um dos personagens preponderantes em sua ascensão ao poder. Thyssen estava fascinado por Hitler, e se gabava disto. "Percebi seu talento de orador e sua capacidade de dirigir as massas. Contudo, o que mais me impressionou foi a ordem que reinava durante seus encontros, a disciplina quase militar de seus seguidores." Em setembro de 1932, Thyssen convidou um membro da indústria alemã a entrevistar-se com Hitler e foi tudo uma rasgação de seda depois que Hitler respondeu a cada pergunta à sua "inteira satisfação". Thyssen estava tão entusiasmado em seus elogios, e em seu apoio, que logo escreveu um livro intitulado: "I Paid Hitler" (Financiei Hitler) onde explica claramente o seu papel no nazismo desde outubro de 1923. Fritz Thyssen também utilizou sua influência pondo em marcha o "German Steel Trust" (Consórcio Siderúrgico Alemão), fundado em 1926 pelo grande manda-chuva de Wall Street, Clarence Dillon. E quem foi um dos auxiliares de Bush neste projeto? o pai de Prescott Bush, Sam Bush. Por conseguinte, Fritz Thyssen se converteu num dos homens mais importantes da máquina de guerra alemã devido à sua posição no German Steel Trust. Sua família também controlava inúmeros bancos (obviamente às escondidas) que permitiam aos Thyssen transferir seu dinheiro de Berlim para a Holanda, e de lá para Nova York. Desta forma, quando terminou a Segunda Guerra Mundial, não se veriam obrigados a renunciar a seus lucros. Mas estou me adiantando. Como podem ver, durante os anos vinte, a família Thyssen fundou três bancos extremamente importantes: 1) August Thyssen Bank - Berlim 2) Bank voor Handel em Scheepvaart - Países Baixos 3) Union Banking Corporation (UBC) – Nova York Aqui começamos a desvendar a charada. Por quê? Porque os Thyssen obtiveram seu financiamento inicial a partir de duas instituições que lhes permitiriam lançar suas operações de instalação de uma máquina de guerra: a Brown Brothers Harriman e a UBC. E quem eram os elementos-chave destas duas instituições? George Herbert Walker e Prescott Bush! Assim, a UBC foi criada para transferir fundos entre Manhattan e a Alemanha através dos bancos holandeses de Thyssen. Neste empreendimento, os Thyssen obtiveram a assistência da família real holandesa, que cooperou para esconder suas contas em toda uma série de bancos holandeses. Este detalhe é importante, já que o perpetrador destas operações foi o príncipe Bernhard em pessoa. E quem viria a ser a origem? Resposta: o notório grupo Bilderberg, durante os anos 50*! Desde então, a UBC se converteria em um canal secreto para o dinheiro nazista, já que saía da Alemanha até os Estados Unidos, passando pelos Países Baixos.

















E quando os nazistas tinham necessidade de se reabastecer de recursos, a Brown Brothers Harriman mandava seus fundos de volta a Alemanha. Começam a entender como funcionavam estas operações? A UBC recebia o dinheiro da Holanda e a Brown Brothers Harriman o reenviava. E quem fazia parte do Conselho Diretivo destas duas companhias? Acertou! Prescott Bush em pessoa, o principal lavador de dinheiro dos nazistas! Suas operações eram tão flagrantes e chocantes para os norte-americanos que em 10 de outubro de 1942, o governo norte-americano ordenou o confisco de todas as operações bancárias nazistas em Nova York, cujo responsável não era outro senão Prescott Bush. A UBC, dirigida por Prescott Bush, foi acusada de infração à “Lei contra o Comércio com o Inimigo” e todas as suas ações foram seqüestradas. E se recordam de quem eu disse que possuía todas estas ações? Não havia mais que sete pessoas: Prescott Bush, três banqueiros nazistas e três norte-americanos. Mas a limpeza não ia terminar por aí; não sem acertar na mira. Em 26 de outubro de 1942, o governo ordenou o confisco de outras duas empresas de fachada, dirigidas por Prescott Bush para a corporação financeira Harriman: 1) Holland-America Trading Corporation (Sociedade Comercial Holanda-América). 2) Seamless Steel Equipment Corporation (Sociedade de Equipamentos de Tubos de Aço). Então, em 11 de novembro de 1942, outra companhia dirigida por Prescott Bush e George Herbert Walker foi confiscada, pela mesma “Lei contra o Comércio com o Inimigo”, a Silesian-American Corporation. Não sei se vão concordar comigo, mas se nosso governo foi a esse extremo de fechar estes empresas da família Bush, me parece que era porque estavam metidas em negócios bastante tenebrosos. John Loftus, que citei no começo deste artigo, disse desta situação traiçoeira: "já é bastante grave que a família Bush ajudasse a levantar o dinheiro que Thyssen deu a Hitler nos anos 20, mas conceder apoio e conforto ao inimigo em tempo de guerra é traição. O banco dos Bush ajudou a família Thyssen a fabricar o aço nazista que matou soldados aliados." Tarpley e Chaitkin, em "George Bush: Uma Biografia Não Autorizada", são mais objetivos: "A fortuna da família do presidente foi em grande parte um resultado do projeto Hitler. " Ainda não estão convencidos? Pois bem, que dizem disto: a UBC, dirigida por Prescott Bush, e em cooperação estreita com o German Steel Trust de Fritz Thyssen, produziu as seguintes porcentagens da máquina de guerra nazista: - 50.8% de ferro gusa - 41.4% de chapas largas - 36% de chapas reforçadas - 38.5% de aço galvanizado - 45.5% de canos e tubos - 22.1% de arames - 35% de explosivos Todos os materiais acima citados são necessários para construir blindados, aviões de combate, canhões e bombas – aproximadamente 1/3 de toda a máquina de guerra alemã e tudo isso bancado não apenas por um nazista declarado como Fritz Thyssen, mas também pela família Bush. Seja como for, se já não estão enojados o bastante, façamos um pequeno salto de alguns anos. A guerra termina em 1945 e Fritz Thyssen morre em 1951. Com sua morte, os demais acionistas da UBC encerraram suas participações (se tratava dos mesmos bens congelados pelo governo em 1942 sob a "Lei Norte-americana de Custódia de Bens Estrangeiros" e que não foram restituídos antes de 1951). E adivinhe quem foi um dos beneficiários... acertou - Prescott Bush! E quanto dinheiro ele recebeu? 1,5 milhão de dólares. Por coincidência, o senhor Bush se apossou deste dinheiro e imediatamente utilizou-o para abrir seu próprio negócio. Conveniente, não? Pior ainda, os amigos de Prescott Bush (os mesmos traidores de Wall Street que financiaram Hitler) são igualmente os mesmos que com o tempo fizeram de George Bush pai diretor da CIA nos anos 70 e colocaram ele e seu filho na Casa Branca. Agora entenderam porque Dan Rather e o New York Times não veiculam este tipo de informação? Para confirmar os detalhes acima mencionados, vieram a tona novas informações em 1996, provenientes de três fontes distintas: a) o jornalista holandês Eddy Roever; b) os informes confidenciais liberados pela "Lei Norte-americana sobre a Liberdade de Informação" e c) os “Arquivos sobre a Custódia de Bens Estrangeiros". As informações provenientes destas fontes dão uma imagem ainda mais repugnante da situação. Parece que a UBC era propriedade dos Thyssen. Por conseguinte, a principal casa bancária da família Bush estava em mãos de um dos nazistas mais notórios de todos os tempos, e que, além disso, era seu patrão! A grande questão, a esta altura, é saber se Prescott Bush estava consciente de seus laços com os nazistas e de seus negócios. Considerada toda a informação proporcionada por este artigo, diria que como DIRETOR da UBC era de sua responsabilidade supervisionar qualquer investimento, incluindo para quem era feito e para onde ia. Outra observação interessante, é que a família Rockefeller também investiu pesadamente na máquina de guerra nazista. Como se verificou, a UBC foi um elemento essencial na lavagem do dinheiro sujo proveniente dos investimentos da família Rockefeller na Alemanha, durante a guerra. Este cenário fica mais interessante quando descobrimos que o banco dos Rockefeller - Chase Manhattan - acabou se tornando proprietário de 31% do grupo Thyssen depois da Segunda Guerra Mundial. Este detalhe é muito importante já que o TBC (o grupo Thyssen) é a maior indústria da Alemanha hoje em dia, valendo 50 bilhões de dólares. Tão grande que inclusive adquiriram o grupo Krupp, outro infame fornecedor de armas dos nazistas. Resumindo, o grupo constitui uma das mais ricas multinacionais do planeta, e de onde vem seu capital inicial? Dos nazistas! Temos portanto conexões com as três maiores organizações comerciais do mundo. O príncipe Bernhard, que fundou a Bilderberg, permitiu que a família Thyssen lavasse seu dinheiro via Holanda, enquanto que os Rockefeller adquiriam aproximadamente 1/3 do controle da Thyssen (foi David Rockefeller quem fundou a Comissão Trilateral). E, finalmente, a Brown Brothers Harriman e a UBC, através das quais o dinheiro nazista era encaminhado para os Estados Unidos, foram fundadas principalmente por membros da fraternidade Skull & Bones de Yale, todos eles fundamentais na criação do Conselho de Relações Exteriores (CFR). Começam a entender como todas estas organizações estão interligadas qual tentáculos de um polvo maligno? Para concluir, no que concerne à família Bush, discutimos neste artigo como a fortuna da família Bush foi amealhada sobre o sangue vertido pelos nazistas. Além disso, num artigo anterior que eu escrevi (ver Babel n°58), descobrimos que a família Bush também desfrutou de relações comerciais com a família de Bin Laden no transcorrer dos últimos trinta anos, e ambas pertenciam ao Grupo Carlyle. Tendo isso em mente, a quem George W. Bush será leal, e que tipo de decisões vai tomar: as que beneficiam cidadãos americanos comuns, ou aquelas tomadas por seus mentores? Se me perguntassem, diria que estamos em apuros.* Nota do tradutor do inglês para o francês: o sinistro grupo Bilderberg, do qual faz parte Mia De Vits, presidente da FGTB. Isso mesmo!20 de outubro de 2002.















Centro de Mídia Independente / Revista Rebelión

O MITO DO SOCIALISMO CUBANO


"O estado, qualquer que seja sua forma, é apenas uma máquina a serviço do capital, o estado dos capitalistas."Roig de San Martin – El Produtor de La Habana, 1888.
No mundo inteiro, o estado é o instrumento que o capital utiliza para reproduzir sua dominação. Os marxistas-leninistas de variadas genealogias e tinturas insistem em apresentar o regime cubano como uma exceção.
A política castrista, mera variante do stalinismo, gira em torno do estado. Em Cuba, o estado se apresenta como popular, operário, socialista, defensor dos interesses dos trabalhadores, distribuidor da riqueza e encarregado das mudanças no sentido do comunismo.
Mas a verdadeira revolução nada tem a ver com um 'governo operário'. O objetivo da luta do proletariado não é tomar o poder político, nem apoderar-se do estado para utilizá-lo em seu interesse. O estado, seja qual for a classe dominante, continuará reforçando o capital. Pretender utilizar o estado para servir ao proletariado é uma manobra reacionária da esquerda do capital. O estado nada mais é do que o capital concentrado, centralizado para reproduzir o sistema universal de escravidão assalariada.
Além de não ser exceção, Cuba é uma confirmação da regra. O estado cubano também exerce o monopólio da violência para assegurar a exploração e a opressão sobre os proletários, colocando-os à disposição do capital. O desarmamento do proletariado é um exemplo ilustrativo. O fato de que somente ao exército e à polícia seja permitido ter armas faz com que os trabalhadores se sintam permanentemente coagidos. Toda e qualquer tentativa de auto-organização dos trabalhadores é brutalmente reprimida.
Em Cuba, o ódio contra a escassez de gêneros de primeira necessidade e a miséria vigente é canalizada contra o imperialismo yankee e o bloqueio econômico, ou, eventualmente, a corrupção da burocracia. Nada de novo sob o sol: o descalabro da economia russa foi, durante muitos anos, apresentado como efeito da corrupção e da burocracia. Aqueles que faziam tais denúncias não eram apenas os trotskistas – esses infatigáveis 'apoiadores críticos' de todos os estados capitalistas tingidos de vermelho... Periodicamente, os membros do comitê central do partido-estado bolchevique também denunciavam, cumprindo o ritual leninista da crítica & autocrítica. Em resumo, tem-se feito todo o possível para ocultar que o verdadeiro mal é a sociedade capitalista e sua organização política: o estado.
O proletário cubano se encontra, como qualquer outro, separado de todo meio de vida, de todo o meio de produção necessário para viver. Em Cuba, como em qualquer outro país latino-americano e do resto do mundo, o trabalhador enfrenta duras condições de sobrevivência, concentradas como forças alheias e hostis, inteiramente privado (propriedade privada significa exatamente isto!) de seus meios de vida. No latifúndio de Fidel Castro, a propriedade privada não foi abolida, mas concentrada e metamorfoseada juridicamente em propriedade estatal. Ao contrário do que dizem os apoiadores críticos e outros defensores do regime castrista, a revolução social é a destruição completa do mundo burguês e de suas reformas, dirigidas pelo estado e no interesse do capital, temperadas com amenas críticas à burocracia. Efetivamente a revolução social não consiste, antes, em conquistar a direção do estado para, depois, realizar uma série de reformas sócio-econômicas. Ao contrário, desde o início, a revolução social consiste em destruir o poder total (militar, econômico, político) da burguesia; em criar a comunidade humana mundial, baseada nas necessidades humanas e não nas necessidades do capital.

Texto publicado em KAOS #0 08/97 (boletim aperiódico e experimental do Grupo Autonomia).

25/07/2007

o que é Lua Azul ?


Lua Azul


A Lua Azul associa-se abundância de força magnética e poder espiritual capaz de propiciar profundas purificações emocionais que quando vivida na inconsciência e na carência pode levar ao sofrimento.
Chama-se Lua Azul a segunda lua cheia num mesmo mês do calendário gregoriano ou a Lua Cheia do décimo terceiro ciclo de lunação, fechando o ano solar.
Segunda lua cheia de um mesmo mês. Quando a Lua Cheia cai no dia primeiro de um mês de 31 dias, no dia 31 terá outra Lua Cheia, a Lua Azul.
A Lua Azul acontece, em média, uma vez a cada dois anos e sete meses, sete vezes a cada dezenove anos e trinta e seis vezes num século. Isso se deve a que um mês terrestre tem em média 30,5 dias enquanto o mês lunar tem 29,5 dias. Pode acontecer ter dois meses no mesmo ano com Lua Azul. Isto acontece se a primeira Lua Cheia cair no primeiro de janeiro, como fevereiro tem apenas 28 dias, as próximas duas luas cheias se repetem em março. Tal coincidência ocorre apenas quatro anos em cada século, (o próximo será só no distante 2018). O folclorista canadense Philip Scock, após ter pesquisado indícios da origem da Lua Azul, afirma que a expressão é usada desde o século XVI para representar uma Lua cheia especial, desafiante, associada ao desatino e a alucinação.

Lua Azul do décimo terceiro ciclo de lunação
Nos calendários lunares à lua cheia do décimo terceiro mês se lhe chama também de Lua Azul. Ao ser o último ciclo de lua do ano, ocorre nele também uma síntese do vivido durante todo o ano.

Ritual da Lua Azul por Mirella Faur
Com o surgimento do calendário Juliano, no início do cristianismo, o culto à Lua Azul passou a ser reprimido por ser considerado uma exacerbação da simbologia lunar, do poder feminino e do culto às Deusas, assuntos perseguidos e proibidos. Mesmo assim, permaneceu sua aura romântica e poética e a Lua Azul passou a ser associada à crença de que era propícia ao romance e ao encontro de parceiros. Surgiu o termo inglês blue moon, significando algo muito raro, impossível, dando origem a inúmeras músicas e poemas melancólicos ou esperançosos”.

Na Mitologia Celta, esta Lua favorece o contato com o Reino Encantado dos seres da natureza. Invocam-se as Rainhas das Fadas - Aeval, Aine, Aynia, Bri, Creide, Mah e Sin - e empreendem-se viagens reais ou imaginárias para as “Sidhe”, as colinas encantadas, morada do “Little People”, o Povo Pequeno. Para agradar as Fadas, os Celtas cultivavam perto de suas casas suas plantas preferidas - calêndulas, verbenas, violetas, prímulas, e tomilho - e deixavam oferendas de mel, leite, manteiga, pão, e cristais nas clareiras onde os círculos de cogumelos denotavam sua presença. Para favorecer a “visão”, abrindo a percepção psíquica, usava-se Artemísia, em chá ou em infusões para banhos, suco de samambaias ou orvalho passado nas pálpebras, saches de mil folhas e hipericão, invocações mágicas adequadas.

A Lua Azul é regida pela Matriarca da 13 Lunação. Ela é “aquela que se torna a visão”, a guardiã de todos os ciclos de transformação, a mãe das mudanças. Esta Matriarca nos ensina a importância de seguir nosso caminho sem nos deixar desviar por ilusões que possam vir a interferir em nossas visões. Cada vez que nos transformamos, realizando nossas visões, uma nova pespectiva e compreensão se abre, permitindo-nos alcançar outro nível na eterna espiral da evolução do espírito. A última visão a ser alcançada é a decisão de simplesmente SER. Sendo tudo e sendo nada, eliminamos os rótulos e definições que limitam nossa plenitude.

Para criar uma atmosfera adequada a uma celebração da Lua Azul, use velas e roupas azuis. Prepare água lunarizada expondo garrafas de vidro azul, cheias de água, aos raios lunares. Prepare “travesseiros dos sonhos” enchendo uma fronha de tecido azul com flores de sabugueiro, lavanda ou alfazema, hipericão, folhas de artemísia e sálvia. Imante cristais e pedras azuis como o topázio azul, a safira, o berilo, a água-marinha, o lápiz-lazuli ou a sodalita. Usando músicas com sons da natureza, como pios de corujas, cantos de baleias ou uivos de lobos, permita que sua criatividade e intuição levem-no/a ao Reino das Fadas ou ao encontro das Deusas Lunares. Olhe fixamente para a Lua, eleve seus braços e “puxe” a luz da Lua para sua testa, seu coração e seu ventre.
Conecte-se, em seguida, à Matriarca, pedindo-lhe orientação sobre as mudanças necessárias para alcançar uma real transformação. Permaneça, depois, em silêncio e ouça as mensagens e respostas ecoando em sua mente ou alegrando seu coração.” No caso de considerarmos o ano zodiacal, a Lua Azul seria a Lua Cheia em Virgem com o Sol em Peixes, onde o Sol vive o amor na sua forma mais ampla e generosa enquanto a Lua distingue as emoções e tenta suas Ordens e Mandalas.

(Hector Othon)

A Lua
Fernando Pessoa
(dizem os ingleses) (14-11-1931)

A Lua (dizem os ingleses)

É feita de queijo verde.
Por mais que pense mil vezes
Sempre uma idéia se perde.

E era essa, era, era essa,
Que haveria de salvar
Minha alma da dor da pressa
De… não sei se é desejar.

Sim, todos os meus desejos
São de estar sentir pensando…
A Lua (dizem os Ingleses)
É azul de quando em quando

Marte, Jorge da Capadócia e Ogum do Brasil

Os mitos relacionados ao deus grego Ares e ao deus romano Marte ganharam nova roupagem na Europa cristã e ressurgiram na figura heróica de São Jorge. No Brasil, o santo-guerreiro uniu-se ao orixá Ogum para expressar novas facetas do princípio marcial


O santo-guerreiro: do Ares grego ao São Jorge cristão
Há mitos tão resistentes que sobrevivem ao desaparecimento da cultura que os gerou. Ganham nova roupagem, assumem aqui e ali nuances inesperadas, mas preservam sua essência. Alguns mitos parecem mesmo ser universais, dintinguindo-se apenas de uma cultura para outra nos detalhes acessórios. Este é exatamente o caso de São Jorge, em quem encontramos traços de deuses pagãos, como o Ares grego, o Marte romano e o Kalvis ou Kalvelis dos povos bálticos.
Entre os gregos, Ares é o deus da guerra, ou o espírito da batalha, símbolo da brutalidade e da turbulência. Destemperado e freqüentemente retratado a praticar atos de violência gratuita, Ares não era uma divindade das mais populares, nem seu culto chegou a expandir-se da mesma forma como o de outros representantes do Olimpo. Havia mesmo alguma coisa de diabólico em Ares, que chegou, nos primeiros tempos, a receber sacrifícios de prisioneiros de guerra. Em Esparta, fazia-se também a Enialo, uma das representações de Ares, o ritual do sacrifício noturno de cães.
Na pintura grega - vasos de cerâmica, por exemplo - Ares sempre é mostrado como o guerreiro armado, pronto para a guerra. A correspondência astrológica é imediata e completa. Ares expressa atributos de Áries, o primeiro signo, e de Marte, seu planeta regente. É a força, a energia, a combatividade, em seu aspecto mais destemperado e rústico.


O mito do herói-guerreiro, relacionado a Marte, evoluiu do violento Ares grego ao São Jorge cristão, que já é capaz de compreender a alma feminina e sacrificar-se por ela.

Marte, o vingador de César, e Kalvelis, o libertador do Sol
Ao contrário de Ares, o deus romano Marte foi bastante popular, sendo neste aspecto superado apenas por Júpiter. É também um deus da guerra, mas tem o papel adicional de protetor da agricultura e dos rebanhos.
Sendo Roma uma potência militar, cujo poder estava em boa parte fundamentado na organização e disciplina do exército, Marte não é apenas o guerreiro selvagem e bestial, mas - digamos - um deus integrado ao restante do panteão e exercendo papéis bem definidos. Nele, a violência gratuita e anti-social de Ares ganha um propósito e uma utilidade. A correspondência astrológica continua presente: é outro aspecto de Áries/Marte, mais harmônico e direcionado, se bem que na essência a simbologia seja a mesma. Ambos são deuses do corte, das armas, da força, da energia masculina, da iniciativa, do combate, da coragem, da adrenalina.
Quando o Cristianismo supera os cultos pagãos entre gregos e romanos, os velhos cultos a Ares e a Marte infiltram-se subrepticiamente nas novas crenças até encontrarem em São Jorge uma figura que incorpora muitas das mesmas características. O santo-guerreiro também porta a armadura e o elmo de ferro, as armas pontiagudas, e está sempre envolvido na batalha, a mesma atividade que ocupava o melhor dos esforços de seus antecessores. São Jorge é, assim, a versão cristianizada de Ares e Marte, que submete a energia ariana a um propósito mais elevado.
Há uma nítida seqüência entre Ares-Marte-São Jorge: Ares é amoral, cruel, perverso, primário, instintivo. Luta sem razão, com cego furor, e, por isso mesmo, leva a pior na maioria dos combates. O Marte romano comanda exércitos; é Marte Ultor, o vingador de César, o guardião do poder do imperador. Já o São Jorge católico é o guerreiro que não luta mais pelas coisas desse mundo, mas para combater o mal e ampliar o domínio do Cristo. Numa comparação grosseira, podemos ver neles a seqüência de Marte pelos signos de Fogo: no Ares grego, o individualismo de Marte em Áries; no deus romano, o toque imperial de Marte em Leão; e em Jorge, o espírito aventureiro e cruzadista de Marte em Sagitário.
A permuta simbólica entre culturas raramente se dá de forma linear. Jorge não é apenas a tradução cristã de Marte. Em parte, os atributos deste deus romano foram transferidos para Miguel Arcanjo, o senhor dos exércitos celestiais; e, em parte, por sua vez, São Jorge incorpora características de deuses de outros povos não-mediterrâneos. Um caso notável é o deus pagão lituano Kalvelis, um ferreiro celeste e matador de dragões. Como ferreiro, sempre munido de seu martelo celestial, Kalvelis lembra também uma versão nórdica do deus grego Hefesto. De acordo com a lenda lituana, todos os dias Kalvelis cria em sua forja um novo sol para a deusa da aurora, assim como um cinturão de prata e estribos de ouro para as estrelas matutina e vespertina. Ainda com o martelo mágico, Kalvelis também liberta diariamente o sol de sua prisão (outra conotação astrológica, já que o Sol nasce na casa 12!).
Tanto Hefesto quanto Kalvelis lembram algumas características de Marte em Virgem (o Marte ferreiro, o artesão, o perito que fabrica instrumentos, o industrioso), o mesmo ocorrendo, por outras vias, com São Jorge (o Marte escrupuloso, puro, montado no cavalo imaculadamente branco). A relação entre Marte e Virgem é, aliás, evidenciada no aspecto astrológico do quincunce (150 graus) e na configuração chamada Yod (três planetas unidos por dois quincunces e um sextil). Se considerarmos 0º de Áries como ponto de partida, podemos traçar dois quincunces: um deles alcançará 0º de Escorpião (sendo este signo o outro domicílio tradicional de Marte); o outro alcançará 0º de Virgem.

Ogum é um dos orixás mais populares no Brasil.
Perdeu, todavia, os atributos de protetor da agricultura e da caça, que passaram a ser identificados exclusivamente com Oxóssi, e tornou-se conhecido sobretudo como deus da guerra, sendo sincretizado na Bahia com Santo Antônio de Pádua e nos outros Estados, especialmente o Rio de Janeiro, com São Jorge. Em função do sincretismo e da forte presença negra entre as tropas brasileiras, esses santos passaram a receber honras militares, o que incluía até mesmo patentes de oficial no Exército e na Marinha, com direito a soldo!
Cabe lembrar que os negros constituíam maioria entre os soldados e marinheiros que lutaram na Guerra do Paraguai. As tropas jamais deixaram de invocar a proteção de Ogum, seja diretamente ao orixá, seja na forma de São Jorge, o que talvez explique algumas expressões presentes nos pontos cantados, como Ogum jurou bandeira nos campos do Humaitá. A hipótese se torna ainda mais forte quando lembramos que Humaitá é o nome de uma localidade onde ocorreu uma das mais importantes batalhas daquela guerra, sendo ao mesmo tempo o nome atribuído à região do mundo invisível - o orum - que se acredita seja a morada de Ogum.
O santo-guerreiro vencedor de demanda
No que diz respeito ao culto dos orixás, a grande diferença entre o Candomblé, que preserva mais fielmente as raízes africanas, e a Umbanda, resultado do sincretismo com cultos cristãos e ameríndios, é que, nesta última, eles não são mais vistos como seres com atributos humanos, mas como campos de força impessoais que manifestam diferentes facetas da energia divina e dentro do qual atuam entidades dos mais diversos níveis evolutivos, em missões específicas. O Ogum da Umbanda não é mais o violento e destemperado guerreiro africano, que "come cachorro" e "lava-se com sangue". Transforma-se no guerreiro divino, empenhado no combate ao mal, e no vencedor de demandas, que apóia os homens em momentos de dificuldade. Na Umbanda Popular, a identificação de São Jorge com Ogum é uma constante. A própria aparência do orixá se modifica: em vez do akorô, o capacete; em vez do mariuô, o manto e o escudo de guerra.
Nos pontos cantados, o simbolismo de Marte
Os pontos (cantigas litúrgicas) dedicados a Ogum revelam, para além da simplicidade e trivialidade de seus versos, um sentido alegórico mais amplo, que tanto remete aos fundamentos da cosmovisão afrobrasileira quanto a inesperadas conexões astrológicas, como veremos a seguir. Analisemos alguns pontos:
Ô Jorge, Ô Jorge,vem de Aruandapra salvar os vossos filhosno terreiro de Umbanda.Ogum, Ogum,Ogum meu pai,o senhor mesmo é quem diz:filho de Umbanda não cai.
Aqui, como em muitos outros pontos, Ogum aparece identificado com São Jorge, o santo guerreiro do catolicismo. O simbolismo, aliás, não poderia ser mais adequado: São Jorge veste uma armadura de guerra (a proteção necessária para atuar em ambientes inferiores) e monta um cavalo branco (as forças da matéria e o lado animal da personalidade, já purificados - por isso a cor branca - e colocados a serviço de desígnios elevados). Utiliza a lança e a espada (um símbolo do direcionamento da energia) e consegue vencer o dragão (as forças das trevas).
Jorge, ou melhor, Ogum, vem de Aruanda - termo banto que significa céu ou plano espiritual - para ajudar seus filhos.

Ogum Yara, ou a união do Fogo e da Água
Se meu pai é Ogum
vencedor de demandaele
vem de Aruanda
pra salvar filhos de Umbanda
Ogum, Ogum Yara,
salve os campos de batalha,
salve as sereias do mar,
Ogum, Ogum Yara.


Os quatro primeiros versos confirmam as mesmas idéias já expressas nos pontos anteriores, acrescentando mais uma: a de Ogum como vencedor de demandas.
Demanda é termo muito utilizado em terreiros, significando luta entre orixás (que, no plano mítico, representavam as lutas tribais entre nações africanas) e, num sentido mais amplo, desentendimentos, conflitos, obstáculos colocados intencionalmente no caminho do indivíduo e agressões de toda espécie (inclusive as de natureza psicológica ou energética).
A expressão salve os campos de batalha pode causar uma certa estranheza, por sugerir, à primeira vista, um elogio à violência. Refere-se, entretanto, à própria vida, um campo de batalha onde os homens lutam permanentemente para vencer suas tendências inferiores. Como disso depende o crescimento espiritual, a luta é considerada bem-vinda e necessária.
A cultura afrobrasileira, à semelhança da Astrologia, faz referência constante aos quatro elementos da natureza, que seriam assentamentos da energia dos orixás. Por assentamento entenda-se um suporte material, que pode ser orgânico ou inorgânico, de estrutura simples ou complexa, que guarda uma relação de analogia, contigüidade ou semelhança de atributos com princípios de ordem não material, e que, por este motivo, servem de veículo à manifestação destes. Assim, por exemplo, a água dos rios, lagos e oceanos limpa, refresca, acalma, nutre e protege, guardando analogia direta com o modo de atuar de alguns orixás femininos também relacionados à nutrição, a proteção e ao apaziguamento, como as maternais Iemanjá, Oxum e Nanã.
Há orixás profundamente ligados ao elemento Terra e a seus valores, como a estabilidade e a prudência. É o caso de Obaluaiê e de Oxalufã, a manifestação "velha" de Oxalá. Outros identificam-se, no todo ou em parte, com o elemento Ar, como os que regem as florestas e o processo de fotossíntese (Oxóssi é um bom exemplo) ou associam-se com o movimento e a imaterialidade, como os ibejis (as crianças gêmeas), sincretizados no Brasil com os santos católicos Cosme e Damião. Já Ogum é o mais típico e mais puro representante do elemento Fogo. Entretanto, da mesma forma como, na carta astrológica, o regente de um signo de Fogo pode situar-se em signo de outro elemento (um Sol em Capricórnio ou um Júpiter em Libra), o orixá assume, nos mitos que o apresentam, nuances de todos os elementos e atributos de todos os princípios da natureza.
Yara é palavra tupi-guarani que significa senhor, proprietário. Ogum Yara é o Ogum que trabalha em associação com o orixá feminino Oxum, combinando a vibração purificadora do fogo com a das águas de rios e cachoeiras. O ponto faz ainda uma referência a Iemanjá quando fala das sereias do mar, tradução sincrética de entidades da mitologia africana que manipulam energias benéficas existentes no fundo dos oceanos.
O ponto pode ser entendido, então, como uma invocação ou pedido de ajuda a uma certa legião de Oguns, cujos integrantes são capazes de mobilizar, simultaneamente, energias pertencentes aos elementos Fogo e Água.

O sete e a varinha mágica de Ogum
Eu tenho sete espadas pra me defender,eu tenho Ogum em minha companhia.Ogum é meu pai,Ogum é meu guia,Ogum é meu pai,venha com Deuse a Virgem Maria.
Ogum tem estreita relação com o número sete, o que é explicado por duas lendas iorubanas. Na primeira, ele aparece como o guerreiro - filho de Odudua, rei de Ifé - que conquista a cidade de Irê e assume o título de Oni (senhor ou rei). Em torno de Irê havia sete aldeias, hoje desaparecidas. Por essa razão, acreditava-se que Ogum fosse composto por sete partes, uma para cada aldeia conquistada. Em iorubano, sete é mejê, de onde resultou a expressão Ogum Mejê (O Ogum que são sete, ou o Ogum composto de sete partes). É a ele, portanto, que o ponto é dedicado.
A outra lenda fala do casamento entre Ogum e Oiá. Ogum tinha uma vara mágica, feita de ferro (metal que lhe está associado), que tinha a propriedade de dividir em sete partes os homens e em nove partes as mulheres que tocasse. Em sua oficina de ferreiro, Ogum confeccionou uma vara igual e deu-a de presente a Oiá. Algum tempo depois, porém, Oiá fugiu com Xangô e foi perseguida pelo furioso marido traído. Quando se encontraram, entraram em combate com suas varas mágicas, dividindo-se Ogum em sete parte e Oiá em nove. Por isso ela é chamada de Iansã, termo composto de duas palavras iorubanas: Iá ou Inhá (mãe) e messan (nove).
Se voltarmos aos mitos do Ares grego, vamos encontrar um de grande interesse. Ares estava sempre em combate com a deusa Atena (assim como Ogum e Oiá). Conta uma lenda que certa vez, ao rebater um golpe de Ares, Atenas tomou uma pedra negra e bateu com tanta força nas costas de Ares que este cambaleou e caiu de forma tal que seu corpo, na queda, cobriu uma área de oitenta e quatro pés quadrados. Ora, 84 é igual a 12 vezes 7. Trata-se de um simbolismo que retrata o percurso turbulento de Marte por todos os signos do zodíaco!
A espada está ligada ao orixá de três formas: por ser guerreiro e caçador, Ogum rege as armas em geral; por ser ferreiro, é fabricante de objetos de metal; e, finalmente, é o orixá regente do ferro, matéria-prima para a maioria das armas. Como símbolo, a espada representa a energia mobilizada e direcionada para cortar o avanço do mal. Basta lembrar uma outra lenda, criada num ambiente bem diferente do que estamos tratando: a história céltica do Rei Artur que, munido da espada mágica Excalibur e sob a orientação de um iniciado, o Mago Merlin, combate as forças malignas acionadas por temíveis feiticeiros. Excalibur é o instrumento do combate da magia branca contra a magia negra. A espada de Ogum tem o mesmo significado.
Cabe observar também que o ferro é o elemento químico essencial para a formação dos glóbulos vermelhos. Da mesma forma como sua carência torna o indivíduo anêmico, a carência da raiz energética de Ogum cria uma espécie de anemia espiritual, ou seja, uma falta de coragem e de disposição para lutar pelo próprio desenvolvimento. É por causa dessa função revitalizadora que Ogum é apresentado nos mitos africanos como o orixá que vem na frente, o pioneiro na tarefa de descer à Terra e acordar os homens. Trata-se, evidentemente, de uma função típica de Áries e Marte.
O orixá mostrado neste ponto não é, certamente, o guerreiro selvagem e violento de alguns mitos iorubanos: é um campo de energias poderosas, mas a serviço de desígnios superiores (ele vem com Deus) e movida pela compaixão com os que sofrem (ele vem com a Virgem Maria

Ogum ressurge como São Jorge
Ogum, erga a sua espada,levante a sua lança para nos defender.Nos dê proteção com seu escudotoda vez que o inimigo nos aborrecer.Nos cubra com o seu sagrado manto,sua bandeira tão gloriosa(...)Atire as patas do seu cavalocontra o dragão e a serpente venenosa(...)
Típico produto da Umbanda Popular, já distante de qualquer influência africana, o ponto apresenta Ogum na forma sincretizada de santo guerreiro (a bandeira e o manto não são atributos de Ogum, mas de São Jorge). A letra, de cativante ingenuidade, mostra os sentimentos do povo brasileiro em relação ao seu orixá: ele é o herói mítico, o paladino que vem em defesa daqueles que enfrentam as forças do mal.
Nas práticas mais primitivas do sincretismo afrobrasileiro, Ogum muitas vezes é invocado como se fosse uma espécie de guarda-costas celeste, um orixá que, se devidamente agradado, tomará partido em favor do filho de fé e voltará sua fúria contra os inimigos. Essa visão simplista está presente, por exemplo, no comportamento do personagem principal do filme O Amuleto de Ogum, de Nelson Pereira dos Santos, um marginal que recorre à ajuda de um terreiro para que Ogum lhe feche o corpo contra as balas dos inimigos.
As concepções mais elaboradas, entretanto, não vêem o orixá como um ser a serviço dos interesses do homem, nem disposto a tomar partido em seus conflitos. Em essência, as lutas de Ogum processam-se dentro da própria alma, que traz simultaneamente o dragão e a serpente das tendências inferiores assim como o germe da Divindade. Invocar Ogum significa ativar as energias vitais que estão adormecidas na alma, despertar a parcela divina presente em cada ser humano e mobilizar a força necessária para avançar.

A Lua como campo de batalha
Cavaleiro supremo,mora dentro da lua.Sua bandeira divina,manto da Virgem pura.
A lenda de São Jorge, que não tem qualquer origem no culto dos orixás, mas sim no Cristianismo Popular, atribui-lhe o domínio da Lua, onde ele estaria em permanente combate com o dragão. É interessante notar que o símbolo da Lua, do ponto de vista astrológico, não é o desenho da Lua Cheia, mas do Crescente, que é formado por dois semi-círculos. Enquanto o círculo - o Sol - representa o espírito enquanto instância permanente e perfeita, o semicírculo é a alma, ou seja, o espírito ainda submetido às experiências da evolução, aprisionado nas sombras da própria ignorância e no vendaval das paixões ainda não dominadas. A Lua não tem brilho próprio, apenas refletindo a luz do Sol. Da mesma forma, para tomar de empréstimo uma concepção do pensamento hinduísta, a alma que perambula nas experiências de aprendizagem expressa apenas um reflexo provisório de sua verdadeira identidade, que só brilhará de forma pura quando o espírito transcender o ciclo das reencarnações e alcançar os planos mais elevados da absoluta ausência de forma, no mental superior.
Há um ditado do Catolicismo Popular que afirma que Maria é o atalho para Jesus. Da mesma maneira, muitos astrólogos medievais viam a Lua como um caminho para o Sol, assim como, na concepção hinduísta, a vida sob o domínio da emoção e dos sentimentos é a etapa necessária para a vida no plano da criação pura. Voltando aos astrólogos da Idade Média, era comum em textos da época a referência ao mundo sublunar para falar da mutável e inconstante realidade terrena, em contraste com a atemporalidade da perfeição espiritual simbolizada pelo Sol. Em todas as religiões antigas, a Lua e o Sol constituem um casal divino, cujo melhor exemplo é o mito de Ísis e Osíris no Egito. No sincretismo afrobrasileiro, a associação é com Iemanjá e Oxalá, identificados, aliás, com Nossa Senhora e Jesus Cristo.
Mas por que razão Ogum, orixá de conotação nitidamente masculina, assim como São Jorge, santo militar e pertencente a um universo dominado pelos homens, surgem tão freqüentemente relacionados à Lua e aos orixás femininos das águas, como Iemanjá e Oxum? Há, pelo menos, duas explicações possíveis: em primeiro lugar, as demandas que Ogum enfrenta pertencem todas ao domínio das paixões inferiores, como o ódio, a inveja, o ciúme e o egoísmo. A Lua, cuja permanente mudança de fases bem representa a instabilidade da alma humana, é o campo de batalha onde os instintos precisam ser vencidos para que brilhe a natureza solar. Em segundo lugar, podemos lembrar o princípio da complementaridade dos opostos: masculino e feminino são polaridades que não podem existir de forma exclusiva, sem a complementaridade do outro pólo.
Ogum, que carrega consigo tantas qualidades positivamente masculinas, como a força, a coragem, a energia do fogo e a carga de agressividade necessária para qualquer realização, precisa do tempero da receptividade, da doçura, da paciência e da devoção, atributos femininos dos orixás das águas. Sem esse tempero, o resultado é desequilíbrio. Os mitos africanos, ao mostrarem um Ogum guerreiro, violento, destruidor e, ao mesmo tempo, incapaz de compreender a alma feminina (ele perde, sucessivamente, suas esposas para Xangô), não estão falando verdadeiramente do orixá, mas de sua manifestação imperfeita e desequilibrada no próprio ser humano. Na medida em que as qualidades precisam ser integradas e harmonizadas, os conflitos míticos entre os orixás dramatizam exatamente a luta por essa integração interior, na busca da totalidade psíquica.
O Ogum do sincretismo afrobrasileiro, que trabalha harmoniosamente associado a Oxum e Iemanjá, como demonstram os pontos, já expressa, pois, uma concepção mais integrativa do que aquela presente nas lendas iorubanas.
O ponto atribui uma característica feminina à bandeira de São Jorge: não é mais o estandarte de guerra, mas o próprio manto da Virgem. Em todos os pontos em que Ogum aparece associado ao princípio feminino, seja sob a forma da Virgem Maria, de Iemanjá ou de Oxum, o sentido é sempre o da força dirigida pela sabedoria, a energia de luta colocada a serviço da misericórdia. Trata-se de um belo simbolismo que reúne elementos das tradições cristã e iorubana.

O santo-guerreiro nos quatro elementos
Em plena mata virgem
Eu vi um cavaleiro
com seu cavalo branco
vindo da macaia.
É nas ondas do mar,
é no clarão da Lua
Auê, vamos saravar
Ogum Mejê,
Saravá Rompe-Mato,
Olha Ogum Beira Mar,
Ogum de Lei.

Macaia é palavra banta, originária do dialeto kikongo (do antigo Congo), significando folhas sagradas. Pode ser traduzida também por mata sagrada (o lugar da mata reservado à realização de rituais) ou, dependendo do contexto, por fumo. No ponto ora em análise, o sentido dos quatro primeiros versos é, então:
Eu estava na mata virgem (território de Oxóssi) quando vi surgir, vindo de seu local mais sagrado (um plano superior), São Jorge em seu cavalo branco (uma entidade de Ogum de grande elevação).
O sentido dos dois versos seguintes já foi explicado no ponto anterior: são as energias de Ogum que surgem mescladas às de Iemanjá.
No sétimo verso, surge a expressão auê, que vem do iorubano àwé, ou seja, meu amigo. É uma saudação amistosa dirigida a desconhecidos e utilizada para todos os orixás. Aparece também o verbo saravar, que é simplesmente o mesmo que salvar, ou saudar, no português estropiado falado pelos primeiros escravos bantos (A palavra é puramente brasileira e não tem nada de africana. Dizer Saravá! é dizer salve!). Em seguida, relacionam-se quatro diferentes manifestações do orixá: Mejê, ou o Ogum que são sete, ligado a Iansã; Rompe-Mato, ou aquele que trabalha ligado a Oxóssi e Ossãe; Beira-Mar, que atua em conexão com Iemanjá; e Ogum de Lei, cujo nome vem do iorubano Delé, o que toca o solo. É o Ogum ligado à terra, ao chão. No mesmo ponto, aparecem, pois, todas as forças da natureza, ou todos os elementos astrológicos:
Ogum Beira-Mar - Marte em signos de Água (Câncer e Peixes).
Ogum Mejê - Marte em signos de Fogo, especialmente Áries - é o Ogum do ferro e das armas, que troca energias com a também guerreira Iansã.
Ogum Rompe-Mato - Marte em signos de Ar, especialmente Libra (a ligação com Oxóssi, um princípio agregador e civilizador, com muitos atributos venusianos) ou Aquário (a conexão com Ossãe, orixá do conhecimento fitoterápico, com muitos atributos do espírito inventivo e científico associado a este signo).
Ogum Delé - Marte em signos de Terra e relacionados com sua natureza estabilizadora, como Touro.

Como o Brasil vive seu Marte
As tradições referentes a São Jorge e a Ogum começaram a firmar-se no Brasil ainda no período colonial, o que permite que procuremos o molde astrológico desses cultos no mapa-matriz de todo o período pré-independência: a carta do Descobrimento, que corresponde ao momento em que a esquadra de Cabral fez o primeiro avistamento da terra, ao largo da costa baiana, nas imediações do Monte Pascoal. Em outros artigos, já apresentamos uma versão retificada desta carta para as 16h53 LMT do dia 22 de abril de 1500, com o Ascendente em 28º48' de Libra e o signo de Escorpião interceptado na casa 1 (um signo interceptado é aquele que está totalmente contido dentro de uma casa e sem contato com sua cúspide, ou ponto inicial). A outra hipótese, defendida, por exemplo, por Raul Martinez, seria aquela de um Ascendente Escorpião para o mapa do Descobrimento. Em qualquer das duas versões, a casa 9 (crenças, religiões, ética) apresenta como único ocupante o planeta Marte, no primeiro grau do feminino e lunar signo de Câncer. Marte está em trígono exatamente com a Lua em Peixes, regente de Câncer, e com Urano no último grau de Aquário, posição muito próxima do Ascendente da carta da Independência, da qual este Urano é regente.
Marte em Câncer na casa das crenças e religiões já indica que, desde o alvorecer da formação do país, haveria de impor-se o culto a um princípio marciano - um "deus-guerreiro" - temperado pela natureza maternal da Lua. Do vasto conjunto de santos católicos, aquele que melhor preenchia tais características era exatamente São Jorge em sua concepção de "vencedor de demandas" sob a proteção do estandarte da Virgem Maria (o trígono com a Lua em Peixes). Esta Lua identifica-se também com Iemanjá, a divindade do estuário dos rios da Nigéria, que no Brasil transformou-se em Rainha do Mar (Peixes, signo da vastidão oceânica). A participação de Urano na configuração mostra que tais cultos - a Iemanjá, a Ogum, a São Jorge e a Nossa Senhora - tendiam (e ainda tendem) a gerar uma síntese criativa, apta a afastar-se cada vez mais dos modelos originais e a permitir a formulação de uma expressão religiosa própria, tipicamente nativa, mediante o livre aproveitamento de elementos das raízes européia, africana e indígena. Observe-se que Urano e Lua ocupam a casa 5, da criatividade e também dos afetos. A religiosidade brasileira está vocacionada para um desprendimento das amarras institucionais, ganhando uma dimensão intimista, libertária e afetiva. Aliás, cabe observar também que o Meio-Céu do mesmo mapa está em Câncer e que seu regente, a Lua, encontra-se em Peixes. Sendo dois signos aquáticos e femininos, não é de estranhar que o país tenha como padroeira (um sentido de casa 10) Nossa Senhora Aparecida, uma virgem negra cuja imagem foi encontrada no século XVIII por humildes pescadores no rio Paraíba, na mesma região onde hoje ergue-se a basílica de Aparecida do Norte.
Como toda configuração astrológica comporta expressões positivas e negativas, Marte em Câncer na 9 também fala de combate por questões religiosas e da agressividade com que a Igreja Católica se impôs em alguns momentos da vida colonial, em estreita associação com o poder dos administradores portugueses (trígono com a Lua, regente do Meio-Céu, ponto que simboliza a autoridade do governante). As conversões forçadas, as manifestações de intolerância religiosa e a violência contra índios e escravos em nome da fé também estão no escopo da configuração.
Mas a Igreja Católica teve na colônia, por outro lado, representantes de elevada estatura moral e profundo amor pela terra e sua gente. O exemplo mais evidente foi o do jesuíta José de Anchieta, um doce se bem que enérgico espanhol cuja dedicação a história registrou atribuindo-lhe o título de Apóstolo do Brasil. Anchieta tinha Marte no primeiro grau de Câncer ou nos últimos minutos de Gêmeos (nasceu em 19 de março de 1534, horário desconhecido) e, de todas as formas, em conjunção muito próxima com o Marte do Descobrimento e com a cúspide da casa 9 desta mesma carta. Anchieta utilizava o teatro e a música em seu trabalho de catequese - foi dramaturgo e compositor - o que corporifica outro sentido do trígono entre Marte na 9 e Lua-Urano na 5 na carta do Descobrimento: a associação entre arte e religiosidade durante todo o período colonial. Tal potencial realizou-se tanto através do Catolicismo dominante (basta pensar na arte sacra de Aleijadinho e do padre-compositor José Maurício) quanto dos cultos dos escravos, que resultaram em um manancial de referências estéticas até hoje explorado pela música popular, pela dança e pela pintura.

A simbologia astrológica fala de necessidades e de princípios universais, mas cada cultura cria suas próprias formas de manifestar o significado de signos, planetas e casas. Como as culturas são como organismos vivos, onde cada elemento ajusta-se aos demais e responde às necessidades de adaptação ao meio ambiente, as particularidades da formação cultural geram traduções de conteúdos astrológicos que não são absolutamente intercambiáveis, se bem que guardem analogias entre si. Assim, não há como tomar o panteão dos deuses da mitologia greco-romana e encontrar, para cada um, uma correspondência exata nas lendas da Europa cristã, ou na mitologia afro-ameríndia. A lenda de São Jorge, por exemplo, guarda ecos dos mitos relacionados ao Ares grego e ao Marte Romano, assim como os mitos de Ogum encontram ressonância na história do santo cristão. Todos expressam valores de Marte, mas sempre com nuances locais, que respondem às necessidades específicas da comunidade que os cultua.
O Brasil, em 500 anos de história, já elaborou suas próprias sínteses, que são tão ricas do ponto de vista simbólico quanto aquelas originárias da velha civilização grega. Neste sentido, entender o significado de São Jorge e de Ogum para o povo brasileiro é entender também como o princípio simbolizado por Marte é vivenciado nestas paragens tropicais.

(Fernando Fernandes)

Lua de São Jorge


LUA DE SÃO JORGE
LUA DESLUMBRANTE
AZUL VERDEJANTE
CALDA DE PAVÃO
LUA DE SÃO JORGE
CHEIA BRANCA INTEIRA
OH MINHA BANDEIRA
SOLTA NA AMPLIDÃO
LUA DE SÃO JORGE LUA
BRASILEIRA LUA DO MEU CORAÇÃO
LUA DE SÃO JORGE LUA
MARAVILHA MÃE,
IRMÃ E FILHA
DE TODO ESPLENDOR
LUA DE SÃO JORGE
BRILHA NOS ALTARES
BRILHA NOS LUGARES
ONDE ESTOU E VOU
LUA DE SÃO JORGE
BRILHA SOBRE OS MARES
BRILHA SOBRE O MEU AMOR
LUA DE SÃO JORGE
LUA SOBERANA
NOBRE PORCELANA
SOBRE A SEDA AZUL
LUA DE SÃO JORGE
LUA DA ALEGRIA
NÃO SE VÊ O DIA CLARO
COMO TU LUA
DE SÃO JORGE
SERÁS MINHA GUIA
NO BRASIL DE NORTE A SUL
Caetano Veloso - Lua de São Jorge

O Brasil Indígena


Passados 500 anos de convivência sempre conflituada, o índio continua sendo pouco mais do que um mito brasileiro.

Afinal, são defensores da ecologia, como o caiapó Paulinho Paiakan? São pessimistas incuráveis, que se suicidam por puro desespero, como os guaranis-caiovás, ou empresarios bem-sucedidos, como os caiapós? Podem ser três, como os xetás, ou 23 mil, como os ticunas. Para onde vão? A resposta não depende deles.

A história brasileira não registra um único herói indígena - nem aqueles que ajudaram os portugueses a conquistar a terra, como Tibiriça, que salvou São Paulo; Araribóia, que venceu os franceses, ou Felipe Camarão, que bateu os holandeses.

Não há um só atleta ou escritor nativo. Houve um político indígena, o cacique Mário Juruna - mas ele foi abandonado em Brasília. Raoni é um herói - mas não no Brasil. É um herói de Sting, o popstar cheio de boas intenções e má consciência. Raoni se tornou só uma mensagem. Uma imagem tão incongruente quanto a do quadro O Último Tamoio.

Nenhum jesuíta jamais chorou a morte do último tamoio, que eram aliados dos franceses e foram traídos pelos padres. Haverá alguém para chorar pelo último ianomâmi?


(Eduardo Bueno/Zero Hora)

AFINAL ONDE ESTÁ A ESCOLA?


Discutir escola exige que se pense sobre o que acontece com quem entra na escola e como, quem entra, sai da escola, ao final da escolaridade, que varia de sociedade para sociedade, de acordo com o valor dado à educação.

Entrar na escola não garante ter atualizada a promessa de uma nova vida como resultado da escolaridade. As estatísticas revelam que os afro-descendentes têm tido muito menor oportunidade de escolaridade do que os euro-descendentes e que os indígenas conquistaram menos oportunidade de acesso à escola do que as populações afro-descendentes.

Dos limites que foram colocados historicamente aos que foram excluídos de tudo, inclusive do direito à escola, da classe trabalhadora, do movimento negro, das populações indígenas, da luta do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. Onde se dá a luta entre os que desejam manter o status qual e os que tentam se organizar para mudar a sociedade, as dificuldade que os professores encontram quando desejam mudar a sua prática pedagógica e vão em busca de uma formação continuada que lhes possibilite criar alternativas pedagógicas que possam responder aos anseios das crianças afro-descendentes, indígenas, filhas de trabalhadores ou de desempregados ( que o número é crescente) as que vivem nas favelas, as tantas crianças que acompanham seus pais na busca de terra para se assentar e plantar para sobreviver.

Não por acaso um dos líderes do Movimento dos Trabalhadores sem Terra tem um mote sempre repetido por todos os militantes - "queremos pôr abaixo as cercas da propriedade rural, mas isto não nos basta, queremos também pôr abaixo as cercas da ignorância". Eles querem escola, mas não é qualquer escola. Querem uma escola sintonizada com um projeto emancipatório de sociedade, uma escola em que os alunos e alunas sejam potencializados para mudar o mundo e, mudando o mundo, mudarem as suas vidas.

(Artigo da Página da Educação)

A Grande Mãe em mim habita.


A Grande Mãe em mim habita

E a vida cresce ao meu redor

As flores se abrem, os frutos amadurecem

Eu sou o centro do universo

Eu sou o poder que jamais enfraquece.

Eu sou a feiticeira antiga perseguida

A mulher das ervas, da lua, da dança

Eu sou a mulher temida na rua

A anciã, a jovem, a eterna criança.

Renasci de minhas cinzas

O corpo é frágil, a alma não.

Sou mulher guerreira, mulher de escolhas

O destino está na palma da minha mão.

Desertos solitários e quentes, noites escuras, vendavais...

Não perco minhas diretrizes

Ou viemos da guerra morta de baixo de nossos punhais

Ou mais fortes em cima de nossas cicatrizes.

A Grande Mãe em mim habita

E todo amor hei de passar.

Não temerei, nem duvidarei

Hei de plantar e colher e amar.

E assim viverei meus dias

Sempre a vida celebrar.

Um Bruxo


A Bruxaria não é necessariamente uma religião mas é, como um todo, uma maravilhosa escolha no jeito de viver.

Um bruxo autentico é absolutamente devoto, um servidor incansável da vida, um instrumento de amor nas mãos do divino.

Um bruxo não almeja ser importante;

Um bruxo não se impõe à vida com a intenção de manipulá-la como se os eventos do seu caminho ou as pessoas à sua volta estivem presos a cordões de marionetes que respondem ao seu comando;

Um bruxo não se nega;

Um bruxo não desiste;

Um bruxo não se leva a serio demais e por isso ri dos seus próprios problemas;

Um bruxo quer ter um único e verdadeiro poder, que é o poder sobre si mesmo e nada mais porque ele sabe que se pertence;

Um bruxo sabe que viver o extraordinário é a única forma verdadeira de vida;

Um bruxo se coloca a favor da vida e do amor.

Um bruxo não precisa ser absolutamente nada.


Um bruxo “É”!Trecho do Livro Bruxa Ria de Valter Lima - Direitos reservados)

Dιzєм quє todα мulhєя é uмα ьяuxα


E єu αсяєdιto. sαьє ρOяQUє?

Sєя ьяUXα É...
αмαя є яєvєяєисιαя ιисoиdιсιoиαlмєиtє α vιdα ρoя мαιs αtяιьulαdα quє єlα sєjα; é αсяєdιtαя quє tudo ιяá мєlhoяαя ρoяquє α ƒé є o αмoя яємovєм мoиtαиhαs єu sou..
Sєя ьяUXα É...
dιяєсιoиαя sєus ρєиsαмєиtos ραяα o ьєм є иuисα dєsєjαя мαl α иιиguéм єu sou..
Sє Sєя ьяUXα...
é αсяєdιtαя quє o gяαdє ƒєιtιço, α gяαиdє мαgια, o sєgяєdo é sєя єssєисιαlмєиtє ьoм. α tudo є α todos єu sou..
Sє Sєя ьяUXα É..
єисαяαя α vιdα dє ƒoямα ρєсulιαя αмαиdo αo ρяóxιмo яєsρєιtαиdo α иαtuяєzα ρяotєgєиdo-α ьєм сoмo α todos os sєяєs vιvєиtєs єu sou..
Sє Sєя ьяUXα É...
uмα ρєssoα dє sαьєя, vєяsαdα єм vєяdαdєs сιєиtíƒιсαs є єsριяιtuαιs єu sou..
Sє Sєя ьяUXα É .. ρossuιя o doм dα ιиtuιção є αсяєdιtαя sємρяє иєlα єu sou.. Sє Sєя ьяUXα É.. αсhαя quє vιvєя é α gяαиdє мαgια є quє o gяαиdє ƒєιtιço сoиsιstє єм vιvєя ьєм є єstαя dє ьєм сoм α vιdα єU SOU...

18/07/2007

Feitiços e Encantamentos.

Autor foto - Cristye

O QUE SÃO FEITIÇOS E ENCANTAMENTOS? O que são feitiços? Esta é uma pergunta cuja resposta é bem complexa. A priori, seria a submissão de algo à nossa vontade mas, como se deve imaginar, isso não é algo tão fácil de se fazer. Primeiro temos que trabalhar nosso poder mágico. Visualizações ajudam e muito. Meditações e concentração também. Depois, devemos ver a real necessidade do que queremos, se não vai prejudicar ninguém, se vai ser mesmo benéfico ao candidato ao feitiço, etc... Mesmo porque estará manipulando forças... Dá para perceber a imensa responsabilidade que isso acarreta, né? "Quando os deuses nos querem punir, nos concedem todos os nossos desejos". Já pensou no significado disso? Muitos de nós, na wicca, acreditamos na chamada Lei Tríplice, ou Lei do Retorno: "tudo que fizeres, voltará a ti triplicado".


Nada de velhas assustadoras com verruga no nariz, como ensinam na nossa infância, para começar, bom humor é fundamental, e uma das magias poderosas, o que conta é a leveza de espírito. Sem alegria não se consegue o clima positivo necessário ao encantamento. Toda mulher guarda uma bruxa dentro de si, a sensibilidade e a intuição naturais do sexo feminino estão ligadas à nossa porção feiticeira. Receitas anotadas, o próximo passo é observa a natureza.


Os tempos modernos e o ritmo das cidades grandes afastaram as pessoas do ciclo natural da vida”. Se ficar atenta, começara a notar os sinais do que vai acontecer, exatamente como ocorre com quem mora no campo e sabe quando vai fazer frio ou calor. “Se a temperatura se torna mais fresca e há uma agitação entre as plantas, vem uma chuva amena. Se os passarinhos desaparecem, ela será forte”, diz a bruxa Márcia. “Aos poucos, descobre-se como lidar com os ingredientes que a natureza oferece.” Mas há regras para colher bons frutos. Toda vez que precisar de uma planta é necessário estar motivada por boas intenções e fazer um pequeno ritual: pedir que a natureza atenda e, depois, agradecer a cada objetivo alcançado deixando num jardim uma oferenda. Não importa se uma maça ou um fio de cabelo – trata-se apenas de um gesto de atenção. bosques, jardins ou a cozinha de casa tem dois pré-requisitos: o clima especial e os elementos que simbolizam a energia mágica que circula no universo: terra, fogo, água e ar. È com a ajuda deles que se elaboram se fórmulas mágicas.


Caldeirão, vassoura e varinha são utilizados, sim. Mas por motivos bem diferentes do que se vê nas lendas. A varinha – uma colher de pau ou um graveto – funciona como uma extensão do dedo indicador. Direciona a energia das mãos para um ponto determinado. O caldeirão raramente é usado para misturar ingredientes. Dentro dele se acende o fogo colocando m pouco de álcool no fundo. A vassoura serve para varrer energias negativas do ambiente e purificá-lo.A mágica só dá certo, se os ingredientes forem encantados com palavras e mentalização. Não há uma fórmula sobre o que se deve dizer: servem orações religiosas ou até frases feitas espontaneamente por você mesma. O que conta é a fé na sua força. “A magia está no mago, não nos instrumentos”, esclarece o americano Scott Cunningham no livro A Verdade sobre a Bruxa Moderna.


Para sentir a existência dessa energia, faça um teste: “Se alguém ao seu lado está deprimido, prepare uma comida pensando na sua melhora, repetindo mentalmente seu objetivo e colocando suas vibrações no alimento”. Os benefícios são reais. Conviver com uma bruxa, aliás, faz com que cada momento ganhe ares de um ritual. “Quando a gente acorda, se concentra por instantes e faz uma oração para agradecer o dia. Isso dá uma sensação boa, de estar em paz com a vida”. A mesma coisa ocorre nas refeições: “Antes de comer, agradecemos pelo alimento. Sei que, assim, me fará bem”.

Bom de


Amor macio bom de se querer mãos se enrolando dia nascendo...
Amor gostoso bom de se sentir pernas estiradas vidro refletido...
Amor sincero bom de se ouvir braços em desalinho espelho sem brilho...
( Mariana Ferreira)



Educação.


"Quem sabe concentrar-se numa coisa e insistir nela como único objetivo, obtém, ao cabo, a capacidade de fazer qualquer coisa.” (MAHATMA GANDHI)

Essa tal liberdade.


A maioria absoluta dos casais pula a cerca em seus casamentos de 10, 20 anos. Uma escapadinha ali não faz mal, contanto que o outro não saiba, dizem. Mas agora no meio universitário está se difundindo o que chamam de "amor livre", e algumas pessoas acreditam que o amor pode superar as barreiras do ciúme e da possessividade, e inclusive ser um amor muito mais honesto.


Sabemos que todo mundo sente atração por outras pessoas, e isso não tem nada a ver com amor. Ninguém venha me dizer que quando ama deixa de achar a bundinha de Fulano uma gostosura, que eu tô ligada na hipocrisia já. Agora você imagine não precisar reprimir os seus instintos, não se castrar no seu dia-a-dia, e ainda assim ter um relacionamento extremamente saudável e construtivo com alguém. Um sonho.


Tem gente que consegue, eu conheço casos em que o relacionamento aberto funciona sim. Claro que nesses namoros as pessoas passam por muita dificuldade para superar a moral, os valores que aprendemos desde pequenos. Afinal, na novela a gente já via a mocinha chorar porque seu namorado ficou com outra. No família a gente já aprendeu que quem comete adultério (com toda a carga negativa da palavra) é canalha. Nossos valores parecem tão naturais, que tudo que esteja fora disso é perversão e quem ousar questioná-los deve ser queimado na fogueira. Joga pedra na Geni! Joga pedra na Geni!


Ok. Os hippies que vivam na natureza e procuravam novas formas de relações sociais, que propunham uma vida libertária podiam estar certos. Entretanto, grande parte deles virou yuppie e vestiu seu belo colarinho branco. Regressemos ao conservadorismo, sejamos reacionários.O fato é que ser o que Dostoiéviski chamaria de extraordinário, ou seja, desafiar a moral dos ordinários, ou das pessoas comuns, sempre custa muito caro. Quantos outsiders não tiveram suas cabeças numa bandeja, ou quantas mulheres divorciadas não foram chamadas de putas? Ou simplesmente quantas mulheres no Afeganistão não foram apedrejadas por mostrarem o tornozelo?


É verdade. Mudar é difícil, bem difícil. Só que essas mudanças, essas revoluções podem caminhar pro lado oposto, e acabam se revestindo do mesmo teor de hipocrisia dos valores contestados.É quando, por exemplo, um cara ou uma garota diz que é amor livre porque tá na moda. É quando as pessoas que acreditam no amor livre acham que o amor das pessoas monogâmicas não é verdadeiro. É quando, novamente, se estabelecem formas de se comportar e valores dogmáticos. É quando somos tão intolerantes quanto qualquer xiita.Fora isso, em muitos relacionamentos abertos predominam a superficialidade, a falta de envolvimento. Pessoas que se frustraram em amores do passado e decidem adeirir a novas formas de convívio. Só que muitas vezes o que chamam de amor livre na verdade é falta de amor.



Existe a possibilidade alguém não querer se envolver, alguém não se apaixonar e dizer que quer o amor livre, só pra não assumir um relacionamento sólido, como se relacionamento aberto fosse alguma brincadeira. Aí, de repente, quando se apaixona se torna uma pessoa ciumenta e possessiva como qualquer outra. Alguém pode morrer de medo de ser traído e por isso diz que acredita no amor livre. Assim o perigo de uma iminente "traição" é eliminado. Um mecanismo de defesa para tornar algo que incomoda bastate numa coisa banal.Estamos diante dos jogos de amor. Para completar, no tal amor livre as pessoas têm preferidos. Ou seja, eu sou o número um e que ninguém me tire desse posto. Pode ficar com quem você quiser, mas no dia em que alguém representar uma ameaça de me tirar do primeiro lugar, eu choro, faço escândalo, esperneio. Aí eu me pergunto se uma pessoa dessas não é possessiva.


Há pessoas que, no entanto, acham que nem deve existir essa história de número um. Acreditam que pode haver um relacionamento não entre duas pessoas, mas entre três, quatro, ou mais. E que nesses casos não seria o tipo "Fulana ama Cicrano e pega todo mundo, mas ama somente a ele", porém sim Fulana ama Cicrano, Cicrano ama Beltrano, Beltrano ama Fulana, e por aí vai. Um verdadeiro desafio para um modelo de relacionamento amoroso baseado na posse.Nossa relação com as pessoas se parece com nossa relação com as coisas. E no modo de produção capitalista uma valor salutar é a defesa da propriedade privada. Então nosso amante é também nosso bem, bem no sentido de bens. Sabe, aquela história de amor é latifúndio.


Mas há aqueles que defendam que o amor seja ocupado, seja libertário, seja comunitário, seja de todos. Só não sabemos até que ponto essas pessoas procuram relacionamentos superficiais ou querem mesmo se envolver com muitas pessoas.Pois é. Acredito que o amor livre é lindo, e elimina uma série de hipocrisias. Faz quanto tempo que você não vê sua mãe beijar o seu pai? Com quantas pessoas você queria ficar, mas não pode por causa do seu namorado? Se você ficasse com alguém seu sentimento diminuiria? Pode ser que sim, pode ser que não, mas a verdade é que as pessoas, em geral, são muito inseguras. E podemos falar de revoluções sexuais, porém não esqueçamos que na hora de mexer com nossos medos a coisa complica.


O amor livre pode ser lindo, quando vivido sem medos e com muita sinceridade. É tão lindo quanto um relacionamento monogâmico vivido sem medos e com muita sinceridade. Não há forma de se relacionar mais nobre, elevada, superior. Agora, se você se mete numa dessas porque não ama alguém o suficiente para abrir mão de trepar com outras pessoas, se você não quer se apegar a ninguém, se você quer seguir uma tendência pós-moderna, você definitivamente tá se metendo em terreno perigoso e poderá acabar ferindo a si mesmo, a outra pessoa, ou aos dois.

(Dunya)

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Obrigada, pela visita. Beijos de luz violeta na alma.