07/10/2011

As Crianças na Sociedade Viking

Como na maior parte da Europa medieval, o período da infância era muito curto na Escandinávia. Nos tempos paganistas e logo após o início da cristianização, o aborto e a exposição de recém-nascidos eram permitidos (geralmente abandonados em bosques), principalmente quando a criança apresentava alguma deformidade ou defeito. O bebê deveria ser aceito pelo pai para poder viver, uma formalização ocorrida após a determinação de seu nome com o batismo pagão. Os filhos mantinham uma relação muito estreita com a família, e mesmo após o casamento continuavam a trabalhar na fazenda da família paterna.
Como em muitas culturas do mundo antigo e medieval, as crianças escandinavas brincavam e se divertiam muito antes da idade adulta. No curto verão nórdico, a diversão externa ficava por conta de um jogo chamado "raquetes do rei" (uma espécie de peteca rebatida por discos de madeira). Entre os meninos, um jogo com uma bola feita de couro era o favorito e as meninas brincavam com bonecas de madeira e pano. Durante o inverno, todos gostavam de brincar com seus amigos nos rios congelados utilizando patins com lâminas de ossos ou então guerrear com bolas de neves. Uma diversão freqüente entre os garotos era a luta de espada com um pequeno escudo de madeira, que os preparava para a vida adulta. Algumas espadas de madeira foram encontradas em Staraja Ladoga, Rússia, e reproduziam o mesmo formato das espadas verdadeiras, só que em menor tamanho.
Os passatempos favoritos dentro das casas nos períodos de tempo ruim eram os variados jogos de tabuleiro, sendo um dos mais conhecidos o Hneftafl (que lembra muito o xadrez, mas com regras diferentes). Antes de dormirem, as crianças geralmente sentavam em volta das fogueiras para ouvir as histórias dos antigos heróis nórdicos (a base das posteriores Sagas), narradas por algum ancião ou escaldo da comunidade. A Arqueologia descobriu muitos vestígios de brinquedos entre os Vikings, de Dublin (Irlanda) a Novgorod (Rússia), sendo os mais comuns algumas réplicas de navios, esculturas de animais, flautas, instrumentos de sopro, bonecos e armas, todos feitos de madeira.
A educação formal era desconhecida. O pai tomava toda a responsabilidade da educação, e alguns escaldos complementavam com narrativas orais. Algumas crianças eram tratadas com muita severidade e outras com tolerância. Os meninos deviam agir "como homens", isto é, ter opinião própria, e lutar por aquilo que achavam que era o melhor. As meninas, por outro lado, deviam ser quietas e obedientes. Isso preparava a distinção entre o espaço tipicamente masculino (o mundo público e político) do feminino (a esfera privada e doméstica). Desde muito cedo, as crianças colaboravam diretamente nos trabalhos das fazendas, artesanatos ou negócios. Inicialmente, meninos e meninas eram convocados para trabalhos simples. Posteriormente, com o avanço da idade, são incumbidos de tarefas apropriadas para seu sexo, como exemplo, fiação e tecelagem para as garotas e metalurgia e carpintaria para os garotos. Entre os 12 e 13 anos, ocorre a passagem para a vida adulta de forma plena. Na aristocracia e realeza, rapazes eram convocados para atuarem na política e guerra na metade da adolescência. Harald Hardrada, o último grande líder Viking, tinha somente 15 anos quando atuou na batalha de Stiklestad em 1.030 d.C.
Conhecemos muito pouco sobre as crenças pagãs envolvendo a vida após a morte para as crianças. Não existem sepultamentos infantis em cemitérios pagãos no mundo Viking; nem sobreviveu nenhum monumento rúnico erigido em memória de uma criança.


Fonte: Por Prof. Johnni Langer

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